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Marcel Rizzo

Órgão do legado olímpico pode atrasar divulgação de custo final da Rio-2016

Marcel Rizzo

30/03/2017 09h03

O governo federal criou nesta quinta (30) um órgão que vai cuidar do legado das instalações esportivas da Rio-2016. Mas isso pode significar atraso ainda maior na divulgação de quando de fato custou a Olimpíada do Brasil.

A Autoridade de Governança do Legado Olímpico (Aglo) foi criado com a estrutura da Autoridade Pública Olímpica (APO), órgão responsável por coordenar as ações dos governos federal, estadual-RJ e municipal do Rio para a Olimpíada e que será extinto nesta sexta-feira (31).

Com isso, a divulgação do custo final da Rio-2016, que tinha a APO como responsável, deve passar para a Aglo, e o prazo de até 31 de março pode também ser estendido (a Aglo poderá funcionar até junho de 2019). Há sete meses do fim da Olimpíada, não se sabe exatamente quanto foi gasto nas instalações esportivas e em outros setores para a realização do evento no Brasil.

Ao contrário da APO, com vinculação com o Conselho Público Olímpico, que contava até o ano passado com representantes dos três entes públicos envolvidos na Rio-2016, a Aglo será parte do Ministério do Esporte.

No fim de dezembro de 2016, o Parque Olímpico, na zona oeste do Rio, foi entregue à administração federal. O local tem estádios e ginásios que serviram para as principais modalidades dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio, entre agosto e setembro passado.

Segundo a decisão do governo, a Aglo deverá viabilizar a adequação, a manutenção e a utilização das instalações desportivas constantes da matriz de responsabilidades dos Jogos Rio-2016. Também poderá promover estudos que adotem modelos sustentáveis de gestão desses equipamentos e estabelecer parcerias com a iniciativa privada para ter melhorias e explorar esses estádios e ginásios.

O patrimônio, os recursos financeiros, os cargos em comissão e as funções de confiança vinculados à APO ficam transferidos para a Aglo. Em dezembro, em entrevista ao blog, o presidente interino da APO, Marcelo Pedroso, disse que a APO devolveria aos cofres públicos cerca de R$ 45 milhões após sua extinção – valor esse que, agora, deve ir para a Aglo. Pedroso foi exonerado nesta quinta.

O governo informou que a autoridade do legado será extinta até junho de 2019, ou até antes, caso as providências tomadas para que o legado das estruturas olímpicas estejam encaminhadas.

O último ato da APO deveria ser, até esta sexta, divulgar o custo final da Rio-2016 com os equipamentos esportivos. Como mostrou o blog na quarta, o valor não terá os dados complementares da prefeitura do Rio, que deixou a APO em dezembro de 2016.

O valor real do que foi gasto, portanto, pode não ser o de fato utilizado. Em agosto de 2016, data da divulgação da última atualização da matriz de responsabilidades (documento que compila os dados), o montante para as obras dos equipamentos estava em R$ 7,09 bilhões  – o custo total deve ultrapassar os R$ 39 bilhões, entre gastos públicos (federal, estadual e municipal) e privado.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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