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Marcel Rizzo

Título antecipa campanha eleitoral corintiana, que tem até chapa Lava Jato

UOL Esporte

12/05/2017 04h00

A festa no vestiário com Sanchez (primeiro à esq, na terceira fila) e Andrade (terceiro a partir da esq, na mesma fila) (Crédito: Reprodução Instagram)

A foto foi pulicada nas redes sociais de alguns funcionários do Corinthians e mostra a comemoração no vestiário pelo título paulista, domingo passado (7). Separados por uma pessoa, o ex-presidente corintiano Andrés Sanchez e o atual, Roberto de Andrade, festejavam.

Aliados na eleição de Andrade, em janeiro de 2015, os cartolas se afastaram depois por um tempo, apesar de Sanchez participar do gerenciamento da arena em Itaquera, e se reaproximaram novamente em fevereiro deste ano, quando Andrade se livrou de processo de impeachment. Ele foi acusado de falsificar documento, o Conselho Deliberativo analisou e não encontrou irregularidades.

A foto é relevante porque o bom momento do futebol corintiano na temporada, que muitos dentro do clube duvidavam que aconteceria, fez com que a movimentação política no Parque São Jorge esquentasse nos últimos dias, mesmo a nove meses da eleição presidencial de fevereiro de 2018. Falta algum tempo, mas os grupos entendem que essa taça significa:

– Para a situação, a chance de finalmente ter paz para consolidar o nome que vai suceder a Roberto de Andrade. O mais provável candidato, claro, é Sanchez.

– Para a oposição, que é preciso agora marcar posição o quanto antes, já que se o futebol mantiver o sucesso até o fim de 2017, outros setores do clube precisarão apoiar os candidatos que não estejam na diretoria atual para que tenham chance.

Três grupos hoje se apresentam com força a terem candidato. O da situação, claro, que tem Sanchez como favorito (e mesmo se estivesse rompido com Andrade, ele seria o "cara" pela liderança que exerce); o do conselheiro e ex-vice de futebol Antonio Roque Citadini, candidato derrotado por Andrade em 2015; e um outro que se batizou de "Corinthians Grande", que tem como líderes dissidentes da equipe de Andrés Sanchez.

A eleição será atípica porque há regras novas para a formação das chapas. Até 2015, cada candidato encabeçava uma chapa com 200 conselheiros, chamadas de "chapões". O vencedor ganhava a presidência e sua chapa entrava com os 200 nomes para o Conselho Deliberativo.

Agora serão formadas "chapinhas", com 25 integrantes cada. As oito mais votadas vencem, formando as 200 cadeiras, e cada associado só pode votar em uma. Já há algumas chapinhas sendo montadas, e algumas com nomes sugestivos, como o grupo "Lava Jato". No clube há uma certeza: o próximo presidente terá muito mais dificuldade em administrar porque terá de fazer acordo com diversos grupos diferentes que estão se formando.

"E os próprios grupos têm mais de 25 pessoas. Então terão de se dividir em duas ou três chapinhas, mas você só pode votar em uma. É complicado, será uma eleição bem diferente", disse Felipe Ezabella, ex-diretor de esportes terrestres do clube, que faz parte do grupo "Corinthians Grande" ao lado de outros ex-diretores de Sanchez como Raul Corrêa, Sérgio Alvarenga e Fernando Alba.

Ezabella é um dos nomes cotados hoje no clube para ser candidato, mas ele diz que não há nada definido. "Estamos nos reunindo, conversando. Nada está definido nesse cenário, podemos ter candidato, podemos apoiar alguém", disse. Como ele, Sanchez e Citadini, nomes mais comuns entre os pré-candidatos, não garantem a participação no pleito. "Não penso nada sobre isso", disse ao blog Sanchez, que é deputado federal com mandato terminando apenas no fim de 2018.

Lava Jato

A formação de chapas menores dá a chance de grupos, antes sem espaço no quase bipartidarismo do clube, aparecerem. Já há alguns formados, com nomes até sugestivos. Um deles, que vem fazendo barulho no Parque São Jorge, é batizado de "Lava Jato" e faz clara referência à investigação sobre a relação de corrupção de empreiteiras com órgãos e empresas públicas – Sanchez, por exemplo, teve inquérito aberto na Lava Jato para se investigar se recebeu dinheiro não declarado da construtora Odebrecht. Ele nega.

Este grupo tem como líder o associado Roberto William Miguel, conhecido como "Libanês", e faz forte oposição ao que está no poder atualmente. A chance de ter uma indicação solo para a presidência, porém, é nula.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

Sobre o Blog

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