Cartola preso com pai na Espanha foi homem-forte da Conmebol por anos
Preso nesta terça (18) junto com seu pai, o espanhol Gorka Villar foi por bastante tempo braço direito de ex-presidentes da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) que também estão detidos acusados por corrupção no futebol.
Gorka e Angel Maria Villar, que preside a Federação Espanhola de Futebol e é um dos vice-presidentes da Fifa, foram presos por suspeitas de terem beneficiado diversas empresas em contratos que prejudicaram a federação da Espanha.
Gorka Villar foi por anos homem forte do departamento jurídico da Conmebol, nas gestões do paraguaio Nicolás Leoz (a partir de 2012) e do uruguaio Eugenio Figueredo — os dois foram presos acusados de beneficiar empresas de marketing esportivo na venda de direitos comerciais de competições organizadas pela confederação sul-americana.
Na gestão de Juan Ángel Napout, em 2014, Villar se tornou ainda mais poderoso na entidade, assumindo o cargo de diretor-geral. Nenhuma decisão na confederação era realizada sem o aval de Gorka, que era uma espécie de primeiro-ministro de Napout, que assumiu com o discurso de limpeza após as prisões de Leóz e Figueredo.
O problema é que, em dezembro de 2015, Napout também foi preso acusado dos mesmos crimes que os antecessores. Gorka permaneceu no cargo esperando o próximo presidente, comandando a entidade. Quem assumiu, no início de 2016, foi outro paraguaio, Alejandro Dominguez, que também chegou com o discurso de mudanças.
Mesmo com denúncias internas de que Gorka havia participado dos esquemas que seus ex-chefes estavam sendo acusados, ele ainda permaneceu por seis meses como CEO da Conmebol, até ser demitido. Nesse meio tempo, por exemplo, comandou um perdão a clubes punidos pelo tribunal de disciplina, em meio às festividades dos 100 anos da Conmebol — o maior beneficiário com a anistia foi o Boca Juniors, tradicional time da Argentina que estava punido com quatro jogos sem torcida por problemas na Libertadores de 2015.
Em um processo que corre no Uruguai, clubes do país acusam a Conmebol, e Gorka, de recusarem ofertas melhores para vender os direitos da Libertadores e da Sul-Americana para beneficiar empresas que pagaram menos. É a mesma acusação feita pelo Departamento de Justiça dos EUA que levou a prisão Leóz, Figueredo e Napout, e o ex-presidente da CBF José Maria Marin, que vive em prisão domiciliar nos Estados Unidos.
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