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Marcel Rizzo

Receoso com assédio europeu, Del Nero já quer renovar com Tite até 2022

Marcel Rizzo

12/12/2017 04h00

Tite em alta com a cúpula da CBF (Crédito: Pedro Martins/Mowa Press)

Colaboração de Pedro Ivo Almeida, do Rio

Já em campanha para se reeleger presidente da CBF em 2018, Marco Polo Del Nero disse a cartolas de federações estaduais, em encontro na semana passada, que gostaria de o quanto antes acertar a prorrogação do contrato do técnico Tite à frente da seleção brasileira até 2022. Independentemente do resultado na Copa do Mundo-2018, na Rússia.

A informação veio em encontro com o discurso de Del Nero sobre as benfeitorias feitas na CBF em seu mandato, que começou em abril de 2015 — o principal foi o que chamou de reformulação no comando da seleção, com as contratações de Edu Gaspar, como gerente, e Tite como técnico, em junho de 2016 — depois de aposta em Dunga não dar certo.

Como mostrou o jornalista Rodrigo Mattos em seu blog, Del Nero nesse mesmo encontro também prometeu se esforçar para levar os 27 presidentes de federações para acompanhar a seleção em parte da disputa do Mundial do ano que vem. Esses cartolas são seus principais eleitores, já que pelas novas regras da eleição para presidente da CBF seus votos terão peso 3, contra peso 2 dos dirigentes dos 20 clubes da Série A e 1 dos 20 da B.

Uma renovação antes do Mundial já iniciando o ciclo da próxima Copa (que será em 2022, no Qatar) seria algo incomum para técnicos da seleção, que têm a avaliação atrelada ao resultado da Copa. Mas Del Nero tem ouvido muitos elogios ao trabalho da dupla Edu Gaspar/Tite, de cartolas e de treinadores. Também ouviu que houve melhora na comunicação com os departamentos de base dos clubes.

Há um temor do cartola: propostas a Tite pós-Copa. Em meio à defesa de acusações de corrupção – com uma dezena de dirigentes é acusado de receber dinheiro de empresas de marketing esportivo para vender os direitos comerciais de torneios como a Copa do Brasil, o que ele nega -, Del Nero quer manter boas notícias em evidência e perder o treinador depois de uma boa campanha na Copa só atrapalharia isso.

À CBF já chegou, por exemplo, que Tite poderia ser uma opção ao Paris Saint-Germain após a Copa caso o clube decida por demitir o espanhol Unai Emery, que segundo a imprensa francesa não tem a melhor relação com brasileiros. Neymar e Daniel Alves, lideres do time, adoram Tite.

O trabalho difícil para Del Nero, porém, será convencer Tite a antecipar um acordo, ou até deixar algo apalavrado antes da Copa. O blog apurou que o técnico avalia que nada do que fez até agora, como a vaga antecipada à Copa e boas atuações valerá em caso de um fracasso na Rússia. Ele prefere esperar o resultado.

Ao UOL, Tite já disse que tinha o sonho de treinar um clube da Europa ou a seleção brasileira, e que atingiu o topo ao ser convidado pela CBF. Ele acredita que a língua pode ser uma barreira para trabalhar em alto nível num clube europeu, e por isso, se não renovar para a seleção, por exemplo, pensa até em ser comentarista de TV.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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