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Marcel Rizzo

Condenação de Marin racha a base de Del Nero na CBF e embaralha sucessão

Marcel Rizzo

26/12/2017 11h00

A condenação do ex-presidente da CBF José Maria Marin, sexta passada (22), por seis dos sete crimes a que foi acusado pela Justiça dos EUA rachou a base de apoio de Marco Polo Del Nero na Confederação Brasileira de Futebol.

Del Nero, sucessor de Marin no comando da CBF em 2015, está suspenso pelo Comitê de Ética da Fifa desde 15 de dezembro, pelas mesmas acusações que sofre Marin nos EUA — o atual chefe da confederação não está sendo julgado porque não se apresentou às autoridades americanas.

Apesar de publicamente ficarem em cima do muro com relação à suspensão por 90 dias e acusações contra Del Nero, alguns presidentes das federações estaduais, que é o principal eleitorado da CBF com base no novo estatuto, já admitem reservadamente que a condenação de Marin "acabou" com a era Del Nero na CBF.

O blog conversou com cinco cartolas, dentre aliados, e todo avaliaram não verem como o Comitê de Ética da Fifa não banirá por muito tempo Del Nero das atividades do futebol após os americanos considerarem Marin culpado pos quase os mesmos crimes que Del Nero é acusado — a previsão é de que a punição seja de seis a anos a dez anos de suspensão. Isso faz com que a movimentação para a sucessão de Del Nero saia de suas mãos.

Como o blog mostrou semana passada, há uma costura feita por Del Nero por um nome de consenso, que agrade federações e clubes, e o do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, surge como principal opção. O problema será convencê-lo a assumir o rojão — o mandato de Del Nero termina em abril de 2019, mas a eleição pode ocorrer a partir de um ano antes, ou seja, abril de 2018. Por enquanto a CBF é presidida interinamente pelo vice mais velho (em idade) da entidade, Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes.

A condenação de Marin, que ainda aguarda que a juíza Pamela Chen indique o tempo da pena, bagunçou tudo porque se avalia que Del Nero não terá mais tempo para tomar decisões. O cartola sonhava em deixar o diretor-executivo Rogério Caboclo comandando de fato a entidade até a eleição, mas nem isso é provável. Outro nome de agrado do cartola era o do presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, mas esse não cai nas graças dos presidentes de federações do Nordeste que já veem a CBF muito "paulista".

Um dirigente disse ao blog que o cenário atual está totalmente embaralhado, e que pode haver um acordo entre os vice-presidentes atuais, com chefes das federações e clubes por uma renúncia coletiva, caso Del Nero seja mesmo suspenso, para se antecipar não só as eleições mas a posse de um novo presidente.

Del Nero nega as acusações, e diz aos cartolas que vai provar sua inocência. Nos EUA, Marin também diz ser inocente e vai recorrer da condenação. Ele, que estava em prisão domiciliar, foi levado a um presídio após o julgamento.

Antes quase uma unanimidade entre a cartolagem estadual, Del Nero agora vê sua blindagem cair e vai ser muito difícil conseguir recuperá-la. A não ser que consiga um milagre no Comitê de Ética da Fifa.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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