Análise: Dudu é a 'cara' do novo Palmeiras, mas momento de sair pode ser já
Há hora certa para se vender um jogador de futebol? Pode ser quando o clube precise de dinheiro, ou no momento em que o elenco está inchado e aquele atleta está sobrando. Ainda se pode fazer uma negociação a pedido do funcionário, que vê uma melhor oportunidade, profissional ou financeira.
Talvez apenas um dos três exemplos acima se encaixe no caso de Dudu, no Palmeiras. O clube está muito bem financeiramente e o elenco teve reforços mais pontuais em 2018 do que em 2017, e Dudu deve se manter como titular apesar das chegadas de Lucas Lima e Gustavo Scarpa. O item 3, porém, pode ser tão decisivo quanto os outros dois para se negociar um jogador.
Turquia e China já se interessaram pelo atacante palmeirense, com ofertas que passariam com tranquilidade o vencimento atual que ele recebe em São Paulo. Profissionalmente, talvez não seja o melhor dos mundos para o jogador, que já teve uma experiência em país rico, mas do segundo escalão do futebol: entre 2011 e 2014 Dudu foi do Dínamo de Kiev, quando a Ucrânia, pré intensificação do conflito com a Rússia, gastava tantos milhões quantos turcos e chineses para levar os craques brasileiros. Mas aos 26 anos Dudu já não é um garoto, e pode ter mais dois ou três contratos pela frente apenas (o com o Palmeiras vale até 2020).
A reviravolta palmeirense nas últimas temporadas pode explicar um pouco a insistência da diretoria pela permanência do jogador após três anos de contrato — ele chegou em janeiro de 2015 — algo raro no futebol atual, ainda mais para um atleta da qualidade do atacante. Dudu foi a virada do clube entre um ano (2014) em que brigou para não cair para a Série B e o outro (2015) em que passou a procurar jogadores de renome e ganhar a concorrência com outras equipes.
Corinthians e São Paulo queriam o atleta, e, na época, era muito mais atrativo jogar no Parque São Jorge ou no Morumbi do que no Palmeiras. Foi feito uma estratégia de guerra para trazer o jogador, que o blog contou aqui, que deu certo e elevou a autoestima de funcionários e torcedores palmeirenses.
Com Dudu, o Palmeiras venceu a Copa do Brasil em 2015, e o Brasileiro de 2016, este pela primeira vez na era dos pontos corridos (que começou em 2003) e depois de 21 anos (a última taça havia sido em 1994). Jogador e time tiveram um 2017 mais complicado, com mudanças de treinadores, rendimento não tão bom apesar de chegar ao vice-campeonato nacional.
Há ainda o que se conquistar. A Libertadores começa em fevereiro, e por duas vezes, 2016 e 2017, Dudu e o "novo" Palmeiras fracassaram no torneio que falta a eles nesse relacionamento. Isso também faz com que o clube recuse a negociá-lo neste momento.
O problema é que a exigência em 2018 talvez será maior do que em 2017, e Dudu terá que estar preparado para ser o mais cobrado, afinal ele é a "cara" desse novo Palmeiras. Mas será que três anos depois, títulos e fracassos, já não é o momento de uma separação amigável, sem desgaste? Para o clube parece que não, resta saber para Dudu.
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