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Marcel Rizzo

Aliados de Del Nero veem prorrogação de gancho como dificuldade em condenar

Marcel Rizzo

14/03/2018 11h28

A prorrogação da suspensão do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, pelo Comitê de Ética da Fifa por mais 45 dias é considerada por pessoas próximas a ele como mostra de que nada está sendo encontrado na investigação conduzida.

"Eles [Fifa] não têm uma investigação independente. É tudo copia e cola do processo elaborado pelo Departamento de Justiça dos EUA. Por isso devem estar com dificuldade para condenar", disse aliado ao blog.

Del Nero é acusado pelos americanos de receber propina para vender direitos comerciais de torneios de futebol no Brasil e na América do Sul para empresas de marketing esportivo. Pelas mesmas acusações, José Maria Marin, ex-presidente da CBF, foi condenado e aguarda sentença. Del Nero nega irregularidades, e não foi a julgamento porque não se apresentou às autoridades locais.

A Fifa, por sua vez, resolveu investigar porque receber dinheiro para vender direitos comerciais de torneios vai contra seu código de ética. Desde 15 de dezembro, Del Nero está suspenso por 90 dias, prazo que vencia nesta quinta (15) e acabou estendido até o fim de abril.

O curioso é que, nos últimos dias, Del Nero se movimentou como se soubesse que seria banido por muito tempo – também por transações suspeitas, o ex-presidente da Fifa Joseph Blatter e o ex-vice Michel Platini foram suspensos por oito anos. O cartola preparou sua sucessão a um aliado, o atual diretor executivo da CBF, Rogério Caboclo, e presidentes de federações que estiveram com ele consideraram que "se entregou".

Nesta terça (13), durante reunião na Federação Paulista de Futebol, o presidente da entidade paulista, Reinaldo Carneiro Bastos, disse aos jornalistas que a era Del Nero acabou. Ele tentava articular sua candidatura na eleição que deve ocorrer em abril, para o mandato que começa em abril de 2019, mas não conseguiu número mínimo de federações que o apoiasse para registrar a chapa (oito ao menos).

O otimismo, portanto, de defensores de Del Nero neste momento de que a Fifa não está encontrando nada contra ele vai contra o caminho que tem sido tomado pelo dirigente, que preside a CBF de fato desde abril de 2015 (mas desde 2012, quando Ricardo Teixeira saiu, também acusado de corrupção, e Marin assumiu, era Del Nero quem dava as cartas).

Quem o conhece não duvida que ele ainda pode ter alguma carta na manga caso a Fifa decida não condená-lo. Inicialmente, a eleição para a CBF estava sendo arquitetada para 16 de abril próximo, com Caboclo como candidato único. Como ela pode acontecer em qualquer dia até abril do ano que vem, pode se até esperar um pouco mais, até o começo de maio, para ver qual será a decisão do Comitê de Ética da Fifa.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.