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Marcel Rizzo

Clubes a favor do VAR cogitaram uso como mandante já em 2018. Não deu certo

Marcel Rizzo

16/04/2018 10h40

Antes mesmo de o Campeonato Brasileiro começar no fim de semana que passou com polêmicas de arbitragem, principalmente no empate por 2 a 2 entre Vitória e Flamengo, parte dos clubes que votou a favor do uso do árbitro de vídeo (VAR, na sigla em inglês) cogitou bancar a tecnologia em suas partidas como mandante.

Houve, porém, entendimento dos departamentos jurídicos de que seria preciso autorização da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), organizadora do torneio. Cartolas sugeriam que o uso ou não do VAR poderia ser tratado de forma parecida como são os direitos de transmissão da Série A, que cada participante negocia separadamente com as TVs, sem interferência da confederação.

Os jurídicos, porém, rejeitaram essa hipótese. O uso do VAR não aparece no regulamento especifico do Campeonato Brasileiro, mas está no regulamento geral das competições da CBF. Ali está escrito que a confederação pode determinar o uso do árbitro de vídeo nos torneios que organiza, no momento que quiser. Desta maneira, ficou entendido que sem o aval da CBF, nem mesmo pagando do bolso os clubes que quisessem conseguiriam usar o VAR esse ano.

O blog apurou que a CBF dá o caso como encerrado após a assembleia, em fevereiro, ter decidido por 13 votos a 7 o não uso do VAR em 2018 (o São Paulo se absteve, mas depois informou que votaria contra), portanto nem abriria conversa caso consultada se cada clube poderia usar o VAR se quisesse.

Na reunião realizada os sete que votaram a favor do uso da tecnologia já em 2018 foram Flamengo, Palmeiras, Bahia, Internacional, Botafogo, Chapecoense e Grêmio.  O não veio de Corinthians, Sport, Vitória, Fluminense, Vasco, Santos, Paraná, Ceará, América-MG, Cruzeiro, Atlético-MG, Atlético-PR e São Paulo.

Os argumentos usados pelos do contra foram o custo estimado de R$ 50 mil por partida, que a CBF informou que seria bancado pelos clubes, o fato de a entidade avisar que só conseguiria disponibilizar o VAR a partir do segundo turno e, por último, que a tecnologia ainda está em fase de testes mundo afora.

Estudo feito a pedido de alguns dos que queriam a tecnologia já esse ano mostrou que o valor a ser pago por partida poderia ser bem menor, entre R$ 25 mil e R$ 30 mil por jogo dependendo do estádio e da cidade a se utilizar o árbitro de vídeo — são necessários câmeras, equipamentos de edição, carro para transmissão das imagens, além de instrumentos de comunicação entre os árbitros.

VAR já é oficial

Depois de quase três anos de experimentos, inclusive no Brasil, o VAR foi definitivamente incorporado às regras de futebol em março. Ele já foi usado pela Fifa, por exemplo, no Mundial de Clubes e na Copa das Confederações da Rússia, em 2017, ainda na fase de testes. A Fifa divulgou estudo que mostra que em 98,9% dos casos houve eficiência pelo uso do vídeo, e a utilização da tecnologia na Copa de 2018, que começa em 14 de junho na Rússia, foi aprovada.

Alguns lugares, entretanto, continuam com o pé atrás. A Uefa (União Europeia de Futebol) não tem planos de uso na principal competição de clubes do mundo, a Liga dos Campeões, assim como a Premier League, que organiza o Campeonato Inglês, o principal torneio nacional da atualidade.

Para 2019, a CBF espera utilizar o VAR no Brasileiro. O Palmeiras exigiu da Federação Paulista de Futebol (FPF) que o árbitro de vídeo passe a ser usado no Paulistão do ano que vem, depois que polêmicas ocorreram na final do torneio de 2018, dia 8 de abril contra o Corinthians, com um pênalti inicialmente marcado de Ralf em Dudu ter sido revertido pelo árbitro Marcelo Aparecido de Souza — o clube suspeita que possa ter havido interferência externa na decisão, o que a FPF nega.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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