Estaduais testaram: preço do VAR no Brasil varia até 100% e dificulta uso
A final única do Campeonato Catarinense teve à disposição o árbitro de vídeo (VAR, na sigla em inglês), em 8 de abril, a um custo de R$ 60 mil repartido entre Chapecoense, Figueirense e Federação de Santa Catarina — R$ 20 mil para cada (a tecnologia não precisou ser acionada durante a partida).
No momento em que a utilização do VAR em jogos de futebol no Brasil voltou ao topo das manchetes com polêmicas na final do Paulista e na primeira rodada do Brasileiro, a quantia a ser gasta e a variação dos valores orçados com o produto ainda são os principais empecilhos para que mais campeonatos, inclusive a Série A, tenham o vídeo como alternativa para tirar dúvidas no jogos.
Pouco menos de um mês antes da decisão do Catarinense, o Campeonato Gaúcho usou a tecnologia no clássico Inter x Grêmio, no Beira-Rio, ainda pela fase inicial. Segundo o presidente da Federação Gaúcha, Francisco Noveletto, o valor final para a utilização foi de R$ 30 mil, custo a cargo do Inter, clube mandante (como em Santa Catarina, não foi preciso acionar o VAR durante os 90 minutos).
A Federação Gaúcha tentou novamente o uso do recurso nos dois Grenais válidos pelas quartas de final do Estadual, mas não obteve a autorização da Fifa. Apesar de o VAR aparecer nas regras do futebol desde março, a entidade máxima do esporte ainda precisa dar o ok, e é preciso que haja um pedido com até 15 dias de antecedência, já informando, inclusive, nomes dos árbitros que atuarão no campo e na sala de vídeo, entre outros pontos.
Para as demais partidas do Gaúcho, a questão logística aumentaria o preço do produto, e por isso foi descartado, inclusive nas finais que teve jogo em Pelotas, distante 260 km da capital Porto Alegre.
Fibra ótica
O custo foi um dos fatores que fez com que a maioria dos participantes da Série A do Brasileiro optasse pelo não ao VAR em 2018 (a votação, realizada em fevereiro, terminou 13 a 7) — a CBF deixaria o pagamento a cargo dos clubes, e a estimativa apresentada foi de R$ 50 mil por partida, o que significaria R$ 19 milhões no total.
Como mostrou a coluna De Primeira, do UOL Esporte, um dos argumentos da CBF para o alto valor do árbitro de vídeo foi a extensão territorial do Brasil, que impediria, por exemplo, a criação de uma central única de fibra ótica, como é feita em Portugal e que deixa o custo por partida para uso do VAR na casa dos R$ 5 mil.
Em Santa Catarina, segundo apurou o blog, foi a logística o que encareceu o valor pago pela tecnologia na decisão. Como a partida ocorreu na Arena Condá em Chapecó, no oeste do Estado e a 550 km da capital Florianópolis, houve acréscimo de ao menos 50% ao valor final devido aos equipamentos necessários para transmissão de imagens e de comunicação entre o corpo de arbitragem.
O Figueirense, que venceu a partida por 2 a 0 e sagrou-se campeão, foi quem solicitou o VAR, já antes de o campeonato começar. Foi feito um orçamento prévio de que o custo para cada partida do Estadual seria de, em média, R$ 40 mil, mas para algumas localidades, como Chapecó, poderia ficar mais caro.
Como mostrou o blog, alguns clubes da Série A que votaram favor do VAR já em 2018 (a Chapecoense foi um deles) avaliaram que o custo médio poderia ficar em até R$ 30 mil, dependendo do estádio e cidade. A CBF, porém, não pretende voltar atrás na decisão de só avaliar o uso da tecnologia no Brasileiro a partir de 2019. Na Copa do Brasil será instalado a partir das quartas de final já em 2018, bancado integralmente pela CBF.
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