Topo

Marcel Rizzo

Por segurança, seleções fogem do assédio ao abrir treino à torcida na Copa

Marcel Rizzo

11/06/2018 04h00

A Fifa obriga que as 32 seleções que disputam uma Copa do Mundo façam ao menos um treinamento aberto aos torcedores no país do Mundial, a pouco dias da abertura. O local a ser realizado é uma escolha do país, assim como a maneira que se dará o acesso (cobrança de ingresso ou gratuidade) e o número de fãs que poderão acompanhar o trabalho, que tem que se dar por, no mínimo, uma hora.

Pois na Rússia-2018 a maioria das seleções optou por abrir esse treino em seus centros de treinamento, boa parte afastados por alguns quilômetros das grandes cidades – o que deve dificultar o acesso do público e dar um pouco mais de tranquilidade para a organização preparar a segurança do evento.

A opção por usar as bases onde treinam e, muitas vezes, se hospedam é um pouco diferente do que grandes seleções fizeram em 2014, na Copa do Brasil. Portugal e Argentina, que têm os dois melhores jogadores do mundo em seus elencos, Cristiano Ronaldo e Messi, respectivamente, abriram ao público treinos em estádios de grande porte, longe dos CTs onde treinavam.

Portugal, que se concentrou em Campinas, no interior de São Paulo, treinava no centro de treinamento da Ponte Preta, afastado do centro da cidade, mas optou por treinar para o público no estádio Moisés Lucarelli. Milhares de pessoas foram até lá e algumas até tiveram acesso a Cristiano Ronaldo.

Os argentinos, que se isolaram no centro de treinamento do Atlético-MG, a Cidade do Galo, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, fizeram seu trabalho na Arena Independência, estádio que recebe jogos do América e do Atlético-MG na Série A do Brasileiro, e foi escolhido pela Fifa como campo de treinamento pré-jogos das seleções que atuassem em BH.

Em 2018, tanto Argentina quanto Portugal optaram por treinamentos em campos com estrutura de arquibancada de seus CTs, ambos na região metropolitana de Moscou, mas não de simples acesso, principalmente de transporte público. Os argentinos estarão em CT na cidade de Bronnitsy, a 64 km de Moscou. Se algum torcedor quiser se deslocar de trem e ônibus vai demorar cerca de duas horas e meia para chegar até lá da parte central da capital russa — o treino aberto estava previsto para ocorrer na manhã desta segunda, madrugada no Brasil.

Os portugueses estão um pouco mais perto, em Kratovo, a 48 km de Moscou, e uma hora e cinquenta de transporte público. O centro de treinamento do Saturn, clube local, recebeu os torcedores na manhã deste domingo (10), com bem menos agitação do que os portugueses tiveram em 2014. Apenas 250 ingressos foram distribuídos, e a maioria para crianças de escolas das proximidades.

A seleção brasileira optou por realizar seu treino aberto também em um dos campos do centro de treinamento de Sochi, ao sul de Moscou e onde será a base do Brasil em toda a primeira fase ao menos. Em 2014, o time comandado por Luiz Felipe Scolari fez alguns treinos abertos, como em Goiânia, antes de amistoso contra o Panamá, e também em Teresópolis, região serrana do Rio, onde se concentrou no CT da CBF a Copa inteira.

Em 2010, na África do Sul,a CBF optou por abrir um treinamento no distrito de Soweto, em Johanesburgo, berço de Nelson Mandela, líder político local que lutou contra o apartheid. Milhares de torcedores foram ao local, tietaram Kaká, e puderam ver os craques de perto. O acesso a Sochi, porém, deve ser mais restrito até por questão de estrutura.

Apenas quatro seleções optaram em 2018 por fazer seu treino aberto obrigatório longe do local onde treinam: a Rússia (sábado), dona da casa, trabalhou no estádio do CSKA, em Moscou, um dos campos que os times que jogarem em Moscou poderão usar para treinar; o Irã (sábado), que também na capital se apresentou no estádio Strogino, outra opção para treinos de seleções que atuarem por Moscou até a final; o México, que na terça usará a mesma estrutura do Strogino; e a Arábia Saudita, que neste domingo usou o estádio Petrovsky, em São Petersburgo, longe de seu hotel e base de treinamento, o CT do Zenit.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

Sobre o Blog

Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.