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Marcel Rizzo

A sina da Bolívia se repete na Copa América: sempre na chave do anfitrião

Marcel Rizzo

25/01/2019 11h35

Quem arriscasse palpite em algum site de apostas que a seleção brasileira enfrentaria a Bolívia na primeira fase da Copa América, que será entre junho e julho deste ano no Brasil, teria boas chances de se dar bem levando em conta o retrospecto dos bolivianos quando se define os grupos da centenária competição.

Nas últimas quatro Copas América (não entra na conta a edição extra de 2016, nos EUA, que teve a mistura de times da Conmebol e da Concacaf), a Bolívia, hoje a pior seleção sul-americana, sempre caiu na chave do país-sede. O que se repetiu na noite desta quinta (24), em sorteio realizado no Rio para a edição 2019: a bolinha da azarada Bolívia saiu para o Grupo A, do Brasil, e os países se enfrentarão na estreia, dia 14 de junho, no Morumbi. São agora, portanto, cinco edições seguidas em que os bolivianos confrontarão os donos da casa.

Hoje 59ª no ranking Fifa, a Bolívia é o pior sul-americano classificado e considerado por especialistas de fato o pior time do continente na atualidade. Nas Eliminatórias para a Copa de 2018 ficou em 9º, penúltimo, à frente da Venezuela, mas os venezuelanos, que por sinal também estão no Grupo A com Brasil e Peru na edição 2019, apresentaram evolução nos últimos anos, inclusive na base, sendo vice-campeões mundiais sub-20 em 2017.

De 2004 para cá foram disputadas quatro Copas América — se distanciaram mais as edições, já que nos anos 1990 era a cada dois anos. No Peru, em 2004, o Grupo A tinha os anfitriões, a Bolívia, a Colômbia e a Venezuela. Em 2007, os venezuelanos receberam "La Copa", como o torneio é chamado por lá,  e enfrentaram nos primeiros jogos a Bolívia, o Uruguai e o Peru. Em 2011, a Argentina estreou em casa contra a Bolívia, em chave que ainda tinha Colômbia e a convidada Costa Rica. Os chilenos, em 2015, tiveram bolivianos, mexicanos (convidado) e equatorianos pela frente.

Mas, curiosamente, nem sempre a Bolívia deu azar de aparecer no grupo do país-sede. Como em 2019, em 2015 e 2011 houve sorteio para definir as seleções em cada chave — na noite desta quinta, a Bolívia estava no mesmo pote de Equador, hoje o segundo pior time sul-americano no ranking Fifa (57º), e do convidado Qatar. Mas em 2007, por exemplo, uma reunião no dia anterior ao sorteio definiu que a Bolívia cairia obrigatoriamente no grupo da Venezuela, dona da casa — o México foi definido no do Brasil e os EUA no da Argentina, os outros dois cabeças de chave. Até hoje o critério não foi bem esclarecido. Na época, a Bolívia aparecia em 92ª no ranking Fifa, disparada a pior seleção sul-americana.

Em 2004, no Peru, também houve um sorteio dirigido para três equipes, colocadas em chaves por questão de região das sedes dos jogos para ajudar na presença do público desses países, explicou a organização. O Chile foi para o sul, nas cidades de Tacna e Arequipa, e o Equador ao norte, mas perto de seu território também. A Bolívia? Bem, decidiram a concentrar centralizada, para atuar mais em Lima, e portanto a opção foi colocá-la no grupo do Peru.

Em 2001, os colombianos não puderam enfrentar a Bolívia na primeira fase, justamente no ano em que os bolivianos apareceram em sua pior colocação na história do ranking Fifa, a 118ª colocação — a chave dos anfitriões teve Chile, Venezuela e Equador. Mas em 1999, o Paraguai teve no Grupo A como rivais o Japão (convidado), Peru e a Bolívia. Dois anos antes, em 1997, a Bolívia recebeu a competição e chegou até a final, perdendo por 3 a 1 para o Brasil de Zagallo (com a cena clássica após a partida do "vão ter que me engolir").

Ocorre que nos anos 1990 os bolivianos não eram um saco de pancadas. Em 1994 disputaram sua terceira Copa do Mundo, e chegaram, justamente em 1997, a aparecer no 18º lugar do ranking Fifa. A queda de qualidade fez com que nem a altitude de La Paz, uma arma, desse resultado nos últimos anos.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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