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Marcel Rizzo

Crise na base: após geração Neymar, apenas um atleta sub-20 esteve em Copas

Marcel Rizzo

05/02/2019 11h50

Fred em ação contra a Croácia no amistoso pré-Copa de 2018 (Crédito: Oli Scarff/AFP)

A péssima campanha da seleção brasileira sub-20 no Sul-Americano da categoria, em andamento no Chile, repete desempenhos de anos recentes que pouco produziram atletas para o profissional.  O time de 2011, do último título continental, teve quatro jogadores que disputaram Copas do Mundo: Neymar, Casemiro, Oscar e Danilo, além de outros com presenças constantes em convocações, como Alex Sandro e Lucas. De 2013 para cá, porém, somente um participante de sul-americano atuou em Copa, o volante Fred, ex-Inter e hoje no Manchester United, na Rússia-2018.

O Brasil corre o risco de ficar fora de um Mundial sub-20 pela terceira vez em quatro edições. A derrota para o Uruguai na noite de segunda deixou o time comandado por Carlos Amadeu em último no hexagonal final, faltando duas rodadas para o fim da competição — os quatro primeiros se classificam para o Mundial, que será na Polônia, entre maio e junho. São três pontos de diferença para a Venezuela, a quarta colocada no momento.

Ney Franco era o técnico em 2011 e, em sua lista inicial, além dos quatro jogadores citados, havia ainda Phillipe Coutinho, que esteve na Copa-2018. Para aquele sul-americano, porém, ele não foi liberado pela Inter de Milão. O título daquele torneio também garantiu vaga nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, torneio que, dirigido por Mano Menezes, da principal, o Brasil perdeu a final para o México.

O Sul-Americano 2019 não vale vaga para Tóquio-2020, já que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) ressuscitou o Pré-Olímpico, que será jogado por atletas até 23 anos (idade limite da Olimpíada, com exceção de três veteranos) na Colômbia, em janeiro do ano que vem. Mesmo assim, Carlos Amadeu tentou levar um time mais forte, mas não conseguiu: Vinícius Jr, por exemplo, não foi liberado pelo Real Madrid.

A saída precoce de atletas, que com 18 anos já partem para o exterior, explica em parte o fracasso da base brasileira nos últimos anos. O princípio de times sub-20 e sub-17 de uma confederação é preparar jovens para o time principal, e isso não está sendo feito. Pegue o time que ficou em quarto lugar no Sul-Americano de 2015, com Alexandre Gallo no comando técnico: somente o volante Walace, ex-Grêmio e hoje no Hannover (ALE), e Gabigol, atualmente no Flamengo, tiveram chance na seleção principal. Malcom, revelado pelo Corinthians e do Barcelona, está no radar de Tite para próximas convocações.

O time de 2017, que fracassou, parece um pouco mais promissor que o de 2015. Já teve chamado Lucas Paquetá, vendido ao Milan pelo Flamengo, e Richarlison, ex-Flu e destaque do Everton na Premier League, é presença constante nas listas de Tite desde a Copa da Rússia. Pode-se dizer que se a Copa do Mundo fosse esse ano, Richarlison estaria nela. Mas não é, e não se sabe como será a sequência do atleta no futebol inglês e seleção.

Fred, o único que frequentou a base em sul-americano e foi a uma Copa, tinha como companheiros daquele time de 2013 comandado por Emerson Ávila dois outros que estiveram em algum momento em convocações: Rafinha Alcântara, chamado por Tite em novembro passado, sua última lista, após lesão de Casemiro, e Felipe Anderson, que jogou dez minutos de um amistoso contra o México, em 2015, ainda sob a gestão Dunga. Muito pouco.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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