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Marcel Rizzo

Governo Bolsonaro coloca ex-membros da CBF em postos-chave de secretaria

Marcel Rizzo

07/02/2019 11h06

Aristeu Leonardo Tavares (dir.) com o ex-presidente da CBF José Maria Marin (Crédito: Divulgação  CBF)

A preocupação da CBF com a formação da equipe dos departamentos de futebol e defesa dos direitos do torcedor da Secretaria Nacional do Esporte se mostrou, até este momento, desnecessária. Pelo menos dois postos-chave foram dados a ex-integrantes do quadro diretivo da confederação — havia tensão sobre a possibilidade de pessoas ligadas a opositores (como dirigentes de alguns clubes) indicarem membros do governo Jair Bolsonaro.

A última confirmação foi de Aristeu Leonardo Tavares como coordenador-geral da defesa dos direitos do torcedor — ele terá pela frente também a gestão de segurança em eventos esportivos. Tavares é coronel da reserva da polícia militar do Rio de Janeiro e ex-árbitro de futebol. Entre o fim de 2012 e início de 2013 comandou a comissão de arbitragem da CBF, quando José Maria Marin era o presidente e Marco Polo Del Nero o vice (e de fato quem mandava). Ao deixar o posto, ele foi convidado e assumiu função na escola de arbitragem da entidade.

Como mostrou o jornalista Demétrio Vecchioli, em seu blog Olhar Olímpico, outro coronel reformado, Ronaldo Lima, será o responsável pela departamento de futebol da Secretaria Nacional do Esporte. Ele esteve na CBF no início da década como chefe do departamento do futebol feminino e nos últimos anos trabalhou como coordenador das categorias de base do Santos. O nome de Lima ainda não foi anunciado oficialmente.

Antes ligada diretamente ao ministro do Esporte, a Secretaria de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor se tornou, agora, um braço da Secretaria Especial do Esporte, que está dentro do Ministério da Cidadania. O ministro Osmar Terra indicou para secretário do Esporte o general da reserva Marco Aurélio Vieira, que participou da organização dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

Tavares também trabalhou no Comitê Organizador da Rio-2016, em alguns cargos: foi gerente regional de operações de segurança do Maracanã, gerente de operações nas cidades do futebol e gerente geral de integração de segurança das instalações olímpicas. Antes, já havia estado no governo federal como diretor do departamento da Força Nacional de Segurança.

Na CBF, Tavares deixou o cargo na comissão de arbitragem, em 2013, após dar uma entrevista polêmica ao jornal "O Popular", de Goiás, de que havia várias denúncias contra árbitros a respeito de manipulação de resultados. Após a repercussão Tavares afirmou que havia sido mal interpretado pelo jornal, que manteve as informações. Ao deixar o cargo, Tavares disse ao blog do ex-árbitro Leonardo Gacina, na Globo.com, que o fazia para se dedicar mais à família.

O blog apurou que a presença de Tavares no governo Bolsonaro não tem diretamente o dedo da CBF, mas está longe de ter desagradado a entidade pelo fato de o ex-árbitro já ter tido cargo na confederação. Pesou mais o fato dele ter experiência em segurança, principalmente em eventos esportivos, e, claro, o fato de ter carreira militar, algo que é pré-requisito importante para estar no atual governo.

A relação da cúpula da CBF com Jair Bolsonaro tem sido amistosa. Ele foi convidado, por exemplo, para participar da entrega de troféu de campeão brasileiro ao Palmeiras, na última rodada da Série A, no início de dezembro de 2018. Na época o presidente eleito estaria no Allianz Parque vendo o jogo a convite do clube, e a confederação brasileira estendeu esse convite à presença de Bolsonaro dentro de campo, algo normalmente limitado a jogadores e dirigentes.

Em janeiro, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, esteve na sede da CBF em uma visita. Ronaldo Lima o acompanhou. Entre os assuntos esteve a preparação do país para ser sede da Copa América, entre junho e julho de 2019.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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