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Marcel Rizzo

Por que Felipe Melo não tem risco de pegar gancho por falta na Libertadores

Marcel Rizzo

13/03/2019 10h15

Felipe Melo (esq.) comemora com Antônio Carlos gol que fez contra o Melgar (Crédito: Ale Cabral/AGIF)

A falta cometida por Felipe Melo no peruano Arias na vitória do Palmeiras sobre o Melgar (3 a 0), na noite de terça (12) pela Libertadores, não tem o risco de se transformar em uma suspensão futura como poderia ocorrer em jogos dos Campeonatos Paulista ou Brasileiro, por exemplo. O Tribunal de Disciplina da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) não trabalha com análises de imagens se não há relato na súmula pelo árbitro, como faz a Justiça desportiva no Brasil. Felipe Melo recebeu somente o cartão amarelo do árbitro paraguaio Mario Díaz.

"Na volta do intervalo falei com o árbitro, ele falou que viu na televisão que era para cartão amarelo [a falta]. Fiquei um pouco com medo. É complicado. Fui na volúpia de roubar a bola porque era contra-ataque, mas ele viu que aconteceu apenas uma falta", disse Felipe Melo após a partida.

O lance chamou a atenção ao final do primeiro tempo, quando o Palmeiras vencia por 1 a 0 — gol, inclusive, de Felipe Melo. Num contra-ataque do Melgar, o volante palmeirense deu uma entrada por trás em Arias, o derrubando violentamente. Recebeu o amarelo, apesar da reclamação dos jogadores do time peruano. Nas redes sociais, algumas pessoas questionavam se Felipe Melo não deveria ter recebido o vermelho ou se poderia ser suspenso depois, com a análise das imagens. Na Conmebol é quase impossível que isso ocorra sem que o atleta tenha sido expulso.

O sistema disciplinar da entidade para suas competições de clubes funciona assim: a súmula do árbitro é enviada para a unidade disciplinar da confederação, um setor que analisa os casos que, com base no texto do árbitro, são mandados ao Tribunal de Disciplina para apreciação.

Todos os vermelhos são enviados para que os auditores aumentem, se necessário, uma suspensão além da automática. Também podem ser remetidos casos específicos relatados pelo árbitro e que não tenham gerado uma expulsão. No de Felipe Melo, como ele recebeu amarelo o árbitro entendeu, no campo, que não merecia uma expulsão e consequente suspensão, portanto o tribunal só avaliaria caso o Mario Díaz escrevesse que errou ao não expulsá-lo, o que é muito improvável que aconteça.

É diferente do procedimento adotado no Brasil, no qual existe uma procuradoria dos tribunais desportivos (estaduais e nacional). Mesmo se o jogador nem sequer foi advertido pelo árbitro os procuradores podem analisar o vídeo da partida, entender que houve maldade num lance, por exemplo, e denunciar o atleta ao tribunal, que pode julgar ou não o caso.

A situação de Felipe Melo na Libertadores é igual à do zagueiro gremista Geromel  no empate por 1 a 1 a contra o Rosario Central, dia 6 de março. O zagueiro acertou uma cotovelada em Zampedri, em lance dentro da área argentina — após o jogo, os gremistas reclamaram de pênalti em seu jogador. Pela confusão o árbitro deu cartão amarelo aos dois. Como não houve vermelho e nada foi relatado na súmula, não houve como o tribunal disciplinar julgar a jogada. Geromel entrou em campo normalmente nesta terça (12), na derrota do Grêmio para o Libertad, em Porto Alegre, pela segunda rodada do grupo.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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