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Marcel Rizzo

Clubes pagaram R$ 167 milhões a mais em comissões a agentes no último ano

Marcel Rizzo

03/04/2019 04h00

Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, clube que liderou pagamento de comissões com base nos valores que foram declarados (Crédito: TV UOL)

Entre abril de 2017 e março de 2018 clubes brasileiros desembolsaram R$ 35,3 milhões de comissões a agentes de futebol. Um ano depois, o valor declarado cresceu quase 500%: os documentos recebidos pelo Departamento de Registro, Transferência e Licenciamento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) entre abril de 2018 e março de 2019 mostram o pagamento de pouco mais de R$ 202 milhões — diferença de R$ 166,7 milhões.

Esse número pode ser maior. Apesar do crescimento significativo de um ano para o outro ainda há preocupação na confederação com a omissão de valores por parte dos intermediários, que são os responsáveis em repassar os dados de qualquer negócio que participem, inclusive o quanto receberão pelas transações que participam. Mesmo assim a avaliação é que já há uma maior transparência: na primeira vez que esses dados foram compilados, entre abril de 2016 e março de 2017, o valor declarado pelos agentes foi de R$ 24,4 milhões. No ano seguinte foi de R$ 35,3 milhões, com aumento de pouco mais de 40%, bem menor do que os quase 500% de agora.

No sábado (30), o blog revelou que o Corinthians foi novamente o que mais pagou comissões a agentes entre abril de 2018 e março de 2019, R$ 34,5 milhões, seguido de perto pelo Palmeiras, com R$ 32,8 milhões. Esses valores foram repassados pelos agentes e 41 clubes aparecem no documento da CBF como pagadores, em centenas de transações — no período anterior foram 25.

Duas situações chamam a atenção nas informações divulgadas: a primeira é que o número de 41 clubes é pequeno levando em conta que a CBF tem mais de 700 registrados. Entre os da Série A do Brasileiro, 19 tiveram valores computados — apenas o CSA não. Na relação de negociações, entretanto, o time alagoano, recém-promovido da Série B, aparece com seis transações, o que comprova que alguns valores de fato não são declarados por intermediários.

A segunda é que alguns valores compilados por clubes são baixos. O Flamengo, por exemplo: entre abril de 2018 e março de 2019 aparece pagando R$ 6,4 milhões, quantia considerada pequena por especialistas levando em conta as transações que fez no período. O Palmeiras, que ao lado do time do Rio tem o elenco mais caro do país, desembolsou bem mais, R$ 32,8 milhões, como já relatado. O Ceará, que se manteve na Série A em 2018, aparece pagando apenas R$ 160 mil, também considerado pouco — seu rival Fortaleza, na segunda divisão, pagou bem mais, R$ 734 mil. Lembrando que uma possível omissão nesses casos não é dos clubes, mas de agentes.

Os valores pagos são referentes a contratações e também renovações de contratos. Pelas regras da Fifa, os intermediários (novo nome dado a agentes cadastrados) podem receber comissões ao participarem de transferências, representando treinadores, técnicos e também os clubes. Não há um limite para a porcentagem paga nesses casos, mas a praxe de mercado são 10% do total — a CBF, em 2016, havia limitado essa porcentagem em 3% da remuneração anual bruta do atleta ou da transação, mas depois liberou qualquer valor, desde que esteja estipulado em contrato. Isso consta no Regulamento Nacional de Intermediários (RNI).

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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