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Marcel Rizzo

Tite atrasa evolução de Vinicius Jr. com a camisa da seleção brasileira

Marcel Rizzo

17/05/2019 11h15

Vinicius Jr. em ação pela seleção sub-17 em Sul-Americano (Crédito: Divulgação)

Em três meses, entre setembro e dezembro de 2018, Vinicius Jr. saiu do Real Madrid B para titular do time principal no Campeonato Espanhol e na Liga dos Campeões. Feito e tanto para um garoto de 18 anos que, se imaginava na Espanha, precisaria de algum tempo de adaptação ao futebol europeu.

Tite esperou. Vinicius não esteve nas listas de convocados para os amistosos de setembro, outubro e novembro do ano passado, os primeiros pós-Copa da Rússia e que, em tese, valeriam de experimentos para uma renovação do elenco derrotado pela Bélgica nas quartas de final do Mundial. Mas em março Vinicius estava lá, chamado pela primeira vez à seleção principal para os amistosos contra Panamá e República Tcheca.

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A lista foi anunciada em 28 de fevereiro, mas cinco dias depois, contra o Ajax pela Champions, Vinicius machucou o tornozelo direito, uma ruptura de ligamento, o que o fez perder a chance de atuar nos preparatórios e também a vaga na Copa América. É justo pensar que, mesmo com a projeção que teve David Neres na ótima campanha do Ajax na Liga dos Campeões, Vinicius apareceria na lista divulgada nesta sexta (17) se estivesse permanecido saudável. Na verdade, o ideal seria que tanto Neres quanto Vinicius disputassem a Copa América, mesmo com o tempo que o ex-flamenguista ficou fora de combate entre março e maio.

Ao que parece, Tite pensa no hoje e não no amanhã. Mesmo com o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Rogério Caboclo, afirmando que Tite estará seguro até a Copa de 2022, no Qatar, todo mundo sabe, inclusive o técnico, que um fracasso em casa na Copa América, aliado à derrota na Rússia, deixará um gigante ponto de interrogação no seu trabalho à frente da seleção. E haverá pressão.

Defendi aqui, em março de 2018, que Vinicius Jr., ainda no Flamengo, deveria ir para a Copa do Mundo de 2018. Sem comparações, claro, já que o atleta do Real Madrid inicia sua carreira, lembrei que o Brasil tinha, em sua história, tradição de levar jovens para Mundiais, desde Pelé em 1958, que começou a se tornar quem foi na Suécia, até Ronaldo, em 1994, e Kaká, em 2002, terceiros reservas que conheceram uma Copa do Mundo por dentro para disputarem edições seguintes. Tite optou por levar atletas mais experientes, de sua confiança, uma decisão compreensível.

O contrato do treinador vale até 2022, ou seja, seu objetivo final é levantar a taça no Qatar. A Copa América de 2019, e a de 2020 (sim, a Conmebol fará outro torneio no ano que vem, em sede conjunta de Argentina e Colômbia, para ajustar calendário) deveriam servir de teste, mas no final funcionam para garantir que o técnico chegue em 2022. Se pudesse de fato não se preocupar com resultado era o momento de ter, juntos, jogadores como Neres e Vinicius Jr., que devem formar a base renovada para 2022.

Com a bola que tem, Vinicius estará no Qatar, a não ser que problemas físicos impeçam. E o que vejo neste momento é apenas um atraso em sua evolução como jogador da seleção brasileira.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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