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Marcel Rizzo

Neymar: a pergunta agora é por que ele não será o melhor do mundo

Marcel Rizzo

04/06/2019 10h00

Neymar sente o joelho durante treino da seleção em Teresópolis (Crédito: Pedro Martins/Mowa Press)

Em meados de 2013, quando finalmente Neymar se transferiu do Santos para o Barcelona a pergunta era quando, e não se, o atacante seria o melhor jogador do mundo. Por tudo o que tinha feito no Brasil, e a expectativa que gerava na Europa, era dado como certo que ele seria o sucessor de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, que já se revezavam no posto.

Seis anos se passaram e a pergunta agora é outra: por que Neymar nunca será o melhor jogador do mundo? Aos 27 anos era para o atacante estar no ápice da carreira, fisicamente e tecnicamente, mas uma soma de fatores dentro e fora de campo faz com que o desejo do atleta fique distante.

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Não acredito que Neymar consiga se tornar o melhor jogador do planeta, e não digo apenas receber o troféu que a Fifa dá anualmente e que, muitas vezes, não reflete de fato quem é o craque daquele momento. A votação da Fifa envolve fatores políticos e muitas vezes ser considerado o primeiro pela opinião pública pode significar mais (até mesmo comercialmente).

A mais recente polêmica extracampo, a acusação de estupro é um ingrediente grave em um roteiro que se encaminha para que Neymar tenha uma carreira de altos e baixos e, talvez, seja lembrado pelos baixos. Esse caso deve ser investigado por quem tem que investigar (polícia) e julgado por quem tem que julgar (justiça), portanto não é ele isolado, independentemente do resultado, que vai minar a carreira do Neymar. Há um conjunto da obra.

Soco em torcedor, reclamação acintosa contra arbitragem, a fama de cai-cai que o persegue desde que chegou à Europa, acusações de que sonegou impostos (que atingiu vários jogadores famosos mundo afora) e as lesões. Hoje falamos de Neymar por esses assuntos e não por causa de golaços e de dribles geniais.

Nenhuma pessoa, por mais fria que seja, conseguiria se manter tranquila com todas essas situações ocorrendo quase que simultaneamente. Neymar sempre foi blindado por um estafe que na gestão comercial se mostrou competente, mas na de carreira apresentou falhas. Blindá-lo da vida real talvez tenha sido uma delas.

As acusações extracampo podem ser provadas falsas, e outros atletas tiveram carreiras mantidas com problemas semelhantes. Há, porém, o fator lesão: Neymar há duas temporadas não consegue se manter saudável, seja pelo problema no pé que o tirou de jogos do PSG e o fez jogar a Copa do Mundo da Rússia com dor, ou por outros menores, como o incômodo no joelho que o deixou fora de treinos da seleção na preparação para a Copa América.

Se não se mantiver saudável, esqueça brigar para ser o melhor do mundo. E se a cabeça não estiver em paz, o corpo sente.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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