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Marcel Rizzo

Tite flerta com o perigo ao abraçar atletas lesionados na Copa América

Marcel Rizzo

14/06/2019 10h00

Ederson tem lesão, mas foi mantido na Copa América (Crédito: Lucas Figueiredo/CBF)

Cafu foi duas vezes campeão do mundo, em 1994 e 2002, e como embaixador da Copa América teve que responder em evento da competição, na quinta (13), se o Brasil sofreria muito sem Neymar. Rápido, lembrou que em 2002 o time dirigido por Luiz Felipe Scolari perdeu Emerson, capitão da equipe, na véspera da estreia contra a Turquia. Lesão boba, brincando de goleiro no rachão.

Torneio de tiro curto é assim, não dá para esperar atleta se recuperar por menor que seja a previsão de recuperação. A cautela prevê o corte, mas é sempre algo doloroso para treinador e jogador. Não são poucos os técnicos que costumam dizer que cortes tão perto de campeonatos costumam abalar elencos. Tite, mais uma vez, convive com esse drama na seleção e seu método parece ser o de deixar o grupo junto.

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Ederson é goleiro, posição no futebol na qual é impossível improvisar. E se machucou, lesão muscular, aparentemente leve, mas que o deixará fora da estreia da seleção na Copa América nesta sexta (14), contra a Bolívia, no Morumbi. Tempo de recuperação? Alguns dias, segundo a CBF.

Tite flerta com o perigo mantendo atletas lesionados no elenco, algo que já havia ocorrido na Copa do Mundo de 2018. No ano passado, o volante Fred não foi desconvocado apesar de sofrer uma lesão já com a seleção, na preparação da Copa. Não teve condição de jogo naquele Mundial, mas ficou.

Renato Augusto fez o gol na derrota de 2 a 1 para a Bélgica, nas quartas de final, mas também foi ao Mundial sem estar 100%. É um risco para uma seleção fazer isso em um torneio com sete ou seis jogos, já que os elencos são limitados a 23. Fred e Renato Augusto limitados parte da competição diminuíram as opções para 18 atletas de linha.

Nesta Copa América do Brasil as lesões voltaram a atormentar Tite. Primeiro Neymar, craque do time, que precisou ser cortado por um probema no tornozelo direito que demoraria um mês para melhorar, segundo boletim do clube do atleta, o PSG. Decisão necessária. Mas há jogadores no elenco recém recuperados de problemas médicos que deixam um ponto de interrogação enorme no grupo.

Thiago Silva tem treinado bem, foi titular no amistoso contra Honduras e será frente a Bolívia, mas fez uma cirurgia recente, simples, mas ele não é mais um garoto aos 34 anos. Fagner se apresentou machucado, um edema muscular na coxa esquerda. Parece recuperado, mas problemas musculares sempre são uma incógnita em times de futebol.

Arthur, titular do meio de campo, levou uma pancada no confronto contra Honduras no Beira-Rio, em Porto Alegre, no domingo (9). Contusões (por choque) normalmente são menos problemáticas do que lesões musculares, por exemplo, mas o volante treinou limitado essa semana e ficará no banco na estreia da Copa América. Mais um que iniciará o torneio sem estar 100%.

Não há mais o que Tite fazer se todos esses problemas voltarem ou piorarem, já que a data limite para corte se encerrou na noite desta quinta (13). O caso de Ederson pode se tornar emblemático em manter atletas machucados para eventos curtos. Ele é goleiro, imagine então se Alisson se lesiona contra a Bolívia? Tite pode só ter Cássio para encarar a Venezuela na terça (18), em Salvador.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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