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Marcel Rizzo

Ceni irritou Cruzeiro porque queria carta-branca igual tinha no Fortaleza

Marcel Rizzo

27/09/2019 10h08

Rogério Ceni foi demitido do Cruzeiro após seis semanas de trabalho (Crédito: Vinnicius Silva/Cruzeiro)

O relacionamento de Rogério Ceni com parte do elenco do Cruzeiro foi crucial para sua demissão, na noite desta quinta-feira (26), mas havia desgaste também com a direção do clube. O principal motivo era que o treinador imaginou que teria carta-branca para mexer em todas as áreas do departamento de futebol como fez, com sucesso por sinal, no Fortaleza. Mas não foi o que aconteceu em Belo Horizonte.

Depois de uma passagem em 2017 frustrada de poucos meses como técnico do clube que o tem como ídolo, o São Paulo, Ceni aceitou em dezembro de 2017 assumir o Fortaleza, recém-promovido da Série C para a Série B e que tinha, devido aos vários anos de terceira divisão, sérios problemas estruturais.

A carta-branca para mexer no que precisasse em vários departamentos do clube, respeitando claro o orçamento, foi dada e Ceni palpitou desde o gramado ideal para o centro de treinamento, até quantos cozinheiros deveriam estar trabalhando e qual academia particular deveria ser usada enquanto os equipamentos do CT não estivessem prontos.

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Ceni mandava e desmandava no Fortaleza, com aval da diretoria. O modelo deu resultado: o clube teve notável melhora em sua estrutura para treinamentos, com investimento no CT que fica em uma cidade da região metropolitana da capital cearense, mas também no estádio do Pici, mais centralizado e onde o elenco trabalha. Havia deficiência em áreas como departamento médico, de fisiologia, de nutrição e de análise de jogadores, que Ceni melhorou muito muitas vezes peitando diretores de diferentes áreas.

No Cruzeiro isso não foi possível e desgastou a relação dele com pessoas com anos de clube e que não estavam lidando bem com a tentativa do treinador repetir em Belo Horizonte o que fez em Fortaleza. Apesar de ser um clube com estrutura muito maior, devido a diferença de orçamento, o Cruzeiro, na avaliação do treinador, tinha algumas deficiências que precisavam ser resolvidas, mas desta vez ele não teve carta-branca para peitar diretores.

Essa situação interna poderá ter sido até contornada, mas a rixa com alguns jogadores do elenco, como Thiago Neves, tornada pública acabou terminando de desgastar o técnico e a diretoria. Rogério, como mostrou o UOL Esporte, sugeriu não receber salário até o Cruzeiro se livrar do risco de rebaixamento, mas a direção já estava decidida a mandá-lo embora. A carta-branca que tinha no Fortaleza não se repetiu na Toca da Raposa.

Ceni deixou o Cruzeiro após apenas seis semanas de trabalho. Nos oito jogos feitos pela equipe, ele venceu dois, empatou outros dois e foi derrotado por quatro vezes. A vitória contra o Santos, na estreia, foi seu melhor momento. Mas a lua de mel acabou rapidamente. O pesadelo começou a partir da eliminação da Copa do Brasil para o Internacional, dando início à troca de farpas constante com seus jogadores.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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