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Marcel Rizzo

Mundial de Clubes com um dos menores públicos preocupa Fifa em país da Copa

Marcel Rizzo

19/12/2019 04h00

O Qatar foi escolhido sede dos dois últimos Mundiais de Clubes com sete participantes para servir como evento-teste para a Copa do Mundo de 2022, que será no país do Oriente Médio. Para a Fifa o efeito tem sido preocupante porque a edição se encaminha para ser um dos piores públicos da história do Mundial desde 2005, quando este formato foi adotado e disputado anualmente em dezembro. Nas seis partidas até agora a média de espectadores é de 16,9 mil, só um pouco acima dos 16,5 mil de 2018, quando a competição foi realizada nos Emirados Árabes com o menor público registrado até agora.

O Al-Sadd, clube local, levou 4.878 pessoas no jogo que disputou contra o Monterrey (MEX), pelas quartas de final no sábado (14). Valia vaga na semifinal para enfrentar o poderoso Liverpool e nem isso atraiu a população de Doha. Três dias antes, o público foi um pouco melhor, 7.047 contra o Hienghene Sport, time amador da Nova Caledônia que estreava em Mundiais.

As semifinais levaram mais gente ao estádio: no Flamengo 3 x 1 Al-Hilal (Arábia Saudita) foram 21.588 pessoas e em Liverpool 2 x 1 Monterrey 45.416, o que ajudou a melhorar a média — até as semifinais estava pouco acima dos 11 mil. Restam dois jogos, a disputa de 3º lugar e a final, e a média deve aumentar um pouco ainda, para cerca de 19 mil, se a decisão passar dos 45 mil — a confirmação do time inglês na decisão deve ajudar. Mesmo assim o número é considerado baixo e ficará entre os piores da história da competição.

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A direção da Fifa sabe, há tempos, que países do Oriente Médio não levam muita gente aos estádios. Vide que os menores públicos do Mundial de Clubes no formato atual foram nas quatro edições realizadas nos Emirados Árabes: 2009 (19,5 mil), 2010 (25,3 mil), 2017 (16,5 mil) e 2018 (19 mil). A avaliação é que o regulamento do Mundial não ajuda, com a presença de apenas um europeu. Por isso que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, insistiu tanto na criação de um novo torneio, com 24 clubes, oito da Europa, que estreará em 2021 na China. Mesmo assim fica no ar a dúvida de como será o engajamento dos qatarianos na Copa do Mundo daqui a três anos.

Em Copas os turistas invadem os países, é fato, mas a Fifa sabe que para ter estádio cheio é preciso do público local. Na Copa de 2014, no Brasil, 70% dos espectadores foram brasileiros. Na Rússia, em 2018, foram 65% de russos. Para o Qatar, país pequeno com pouco mais de 2,6 milhões de habitantes (mesmo número, por exemplo, da cidade brasileira de Fortaleza), a Fifa conta com o público vizinho, imaginando que torcedores de países próximos possam viajar para ver a Copa — há, claro, a turbulência política da região, que pode dificultar um pouco isso.

Das 15 edições do Mundial de Clubes no atual formato (já contando 2019), oito foram no Japão por questão de patrocinador (a montadora Toyota). Por lá em 2007, por exemplo, a média bateu os 45 mil espectadores, considerado excelente. Isso, porém, foi caindo com os anos, mesmo no Japão e no Marrocos e desabando no Oriente Médio (Emirados Árabes e agora no Qatar). No ano que vem a edição se repetirá em Doha e a partir de 2021, pelo projeto da Fifa, será a cada quatro anos, com a primeira sede na China. A ver como o público reagirá.

Veja a média de público dos Mundiais de Clube da Fifa no formato atual (desde 2005)

2005 (Japão) – 37 mil espectadores
2006 (Japão) – 33 mil
2007 (Japão) – 45 mil
2008 (Japão) – 35 mil
2009 (Emirados Árabes) – 19,5 mil
2010 (Emirados Árabes) – 25,3 mil
2011 (Japão) – 38 mil
2012 (Japão) – 35 mil
2013 (Marrocos) – 34 mil
2014 (Marrocos) – 28 mil
2015 (Japão) – 34 mil
2016 (Japão) – 29 mil
2017 (Emirados Árabes) – 16,5 mil
2018 (Emirados Árabes) – 19 mil
2019 (Qatar) – 16,9 mil (até as semifinais)

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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