Lentidão na entrega de dados e impeachment atrasam custo final da Rio-2016
Lentidão do poder público em recolher os dados, e entrave político em Brasília fazem com que ainda não se saiba o custo final dos Jogos Olímpicos no Rio. Quase três meses após o fim do evento, não há data para a divulgação da versão final da matriz de responsabilidades, documento que enumera gastos da Rio-2016.
Havia expectativa de que a conta estivesse consolidada em setembro, como disse o presidente interino da Autoridade Pública Olímpica, Marcelo Pedroso, no fim de julho, durante a inauguração do Rio Media Center.
Mas não. Os Governos Federal, Estadual (Rio) e Municipal (Rio) ainda não enviaram todos os dados para a Autoridade Pública Olímpica, a APO, órgão que faz a checagem e consolidação dos números que são passados pelos entes públicos – essas planilhas têm que estar disponíveis até o fim de janeiro de 2017.
O blog apurou que boa parte de informações que falta chegar pertence à prefeitura. Por meio da assessoria, a Empresa Olímpica Municipal respondeu que "os dados para elaboração da próxima Matriz de Responsabilidades estão sendo compilados pelos entes governamentais (Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal) e serão repassados para a APO, entidade responsável pela divulgação".
O Governo do Estado informou que as modificações nos valores das obras de sua responsabilidade na última versão serão poucas, e que está em andamento a compilação. Haverá aumento no valor no metrô e de R$ 14 milhões na intervenção na Marina da Glória, que recebeu as provas de vela na Rio-2016.
O Governo Federal informou que a APO responderia sobre o assunto. A autoridade informou, via assessoria, que está "compilando os dados que os entes estão enviando e a Matriz de Responsabilidades está em processo de elaboração".
Em 15 de agosto, na última versão divulgada, o valor das arenas esportivas era de R$ 7,09 bilhões. O total das obras para a Rio-2016 deve ultrapassar os R$ 39 bilhões.
Mudança na presidência
Outro ingrediente no atraso desses custos ainda tem relação com o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e a posse de Michel Temer (PMDB).
Temer designou Marcelo Calero, que também é o atual ministro da Cultura, para ser o novo presidente da APO. O problema é que até agora Calero não assumiu porque precisa ser aprovado por uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado.
Essa comissão é presidida pela senadora petista Gleisi Hoffmann (PT-PR), que deu a relatoria da sabatina para outro senador petista, Lindbergh Farias (PT-RJ). O PT, hoje, faz oposição ao governo Temer.
Até agora não há data para que a sabatina seja feita – questionado, o CAE não respondeu se há uma data prevista. Sem a sabatina, Calero não assume, o que tumultua um pouco a mais a divulgação dos custos finais dos Jogos.
A demora na aprovação de Calero tem criado dificuldades até para o país que receberá a próxima Olimpíada. Representantes de Tóquio-2020 querem conhecer detalhes do trabalho da APO, que é formada pelos três poderes envolvidos no evento, mas não se sabe quem vai conversar com os japoneses. Se Calero, ou se o presidente interino Marcelo Pedroso.
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