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Marcel Rizzo

Como o Palmeiras 'sequestrou' Dudu e o convenceu a assinar contrato

Marcel Rizzo

22/11/2016 05h01

Dudu na vitória sobre o Botafogo (Crédito: Friedemann Vogel /Getty Images)

Dudu na vitória sobre o Botafogo (Crédito: Friedemann Vogel /Getty Images)

A manhã de 11 de janeiro de 2015, um domingo, começou com uma bomba: o Palmeiras, até então fora do negócio, havia contratado o meia-atacante Dudu.

Dudu, 23 anos recém-completados na época e candidato a craque, pertencia ao Dínamo de Kiev, da Ucrânia. Ele estava entre São Paulo e Corinthians, mais perto na verdade do time do Parque São Jorge.

Como, então, o herói da vitória de domingo (20) sobre o Botafogo, que deixou o Palmeiras pertíssimo do título brasileiro após 22 anos, foi parar no alviverde?

A história tem como pano de fundo praticamente o "sequestro" do atleta para que assinasse contrato. Uma tática usada por diversos executivos de futebol pelo mundo todo, e que também tem o palmeirense Alexandre Mattos como entusiasta.

O "chapéu" sobre os rivais teve estratégia inicial focada no Dínamo de Kiev. Os ucranianos não estavam empolgados com as ofertas de São Paulo e Corinthians. Cederia a este último por insistência do jogador, que já tinha acertado bases com a equipe do Parque São Jorge — ele atuou em 2014 emprestado ao Grêmio.

Mas o Palmeiras entrou em contato com o Dínamo, após receber uma dica: o clube fecharia com quem comprasse 100% de seus direitos econômicos – os rivais queriam comprar metade, ou até menos.  Foi o que o Palmeiras fez, pagando em duas parcelas de R$ 9,5 milhões aproximadamente.

Um documento enviado da Ucrânia, na noite de sexta, aceitou a oferta alviverde. Mas, a partir daí, era preciso convencer o atleta. Em janeiro de 2015, era muito mais atrativo jogar no São Paulo ou no Corinthians – o Palmeiras havia lutado para não cair para a Série B do Brasileiro até a última rodada em 2014.

Foi aí que começou a operação de guerra para que o atleta assinasse. E o jeito foi levá-lo a um escritório em pleno sábado. E isolá-lo por lá.

A negociação durou o dia inteiro e a estratégia era a de não deixar Dudu sair, porque havia o risco de o clube rival ligar e subir a oferta. Almoço? No escritório. Lanche? Também por ali. Descanso? Se quisesse, havia sofá — estratégia semelhante foi usada em outras negociações, como a do volante Arouca, também em janeiro de 2015.

O ideal é que o atleta nem atenda ao celular, ensinam os mais experientes. Deu certo. Ao fim do dia, com mais de 12 horas de negociação, Palmeiras e Dudu acertaram contrato até 2019 e o jogador foi anunciado no dia seguinte — além disso, o meia-atacante foi convencido de que havia um projeto de que o clube, em dois anos, disputaria os principais títulos. Foi o que aconteceu.

 

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.