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Marcel Rizzo

Tática de desfalcar o rival: a briga de Fla e Palmeiras por Everton Ribeiro

Marcel Rizzo

28/03/2017 04h00

Everton Ribeiro em ação pelo Al-Ahly. Volta ao Brasil? (Crédito: Divulgação)

A disputa que se desenhou entre Flamengo e Palmeiras pelo meia Everton Ribeiro, do Al-Ahly (Emirados Árabes), estendeu a rivalidade do final de 2016, quando os times duelaram até as rodadas finais o título brasileiro, vencido pelos paulistas. Mas destacou também uma estratégia usada no futebol atual em negociações: reforce seu time, mas também desfalque os rivais.

A possibilidade de ter Everton Ribeiro, melhor jogador do Brasileiro em 2013 e 2014, anos de títulos do Cruzeiro, atiçou clubes do país. Além de Flamengo e Palmeiras, o São Paulo e o Cruzeiro demonstraram interesse – há altos valores envolvidos, mais de R$ 13 milhões, que deixaram qualquer transação em banho-maria.

A questão é que hoje os clubes projetam reforçar seu time, mas também olham para o mercado para evitar que os rivais fiquem mais fortes. O Palmeiras usou essa estratégia com ao menos dois atletas do atual elenco.

Keno, destaque do Santa Cruz em 2016, esteve muito perto de fechar com o Santos. Vice-campeão brasileiro em 2016 e vice da Copa do Brasil em 2015, títulos levantados pelo Palmeiras, o Santos é um adversário incômodo. Por que, então, deixar que o adversário se reforce com um talento se você pode ter esse atleta? Foi o que aconteceu com Keno.

Num primeiro momento, não se apostaria que Keno chegaria ao Palmeiras com status de titular – e nem é, atualmente, apesar de Eduardo Baptista preferir ele a Róger Guedes em diversas partidas. Keno foi um reforço ao elenco, mas muito mais um desfalque ao rival.

Outro exemplo foi Raphael Veiga, meia que foi destaque do Coritiba no ano passado. O Corinthians esteve perto de anunciar a contratação, mas o Palmeiras entrou forte na briga, e levou o atleta, considerado promessa. Ele não tem sido utilizado com tanta frequência, como era de se esperar com o elenco estrelado do Palmeiras. Mas deixou de reforçar o adversário.

Dudu, em 2015, foi contratado em disputa com Corinthians e São Paulo, mas é um atleta com perfil diferente de Keno e Veiga. Dudu chegou para primeiro resolver, muito mais do que simplesmente desfalcar os adversários.

Em entrevista ao programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, no domingo à noite, o presidente palmeirense, Mauricio Galiotte, descartou Ribeiro alegando ter muita gente no setor, e citou Dudu, Michel Bastos e Guerra. O perfil de Ribeiro, realmente, é mais caro e diferente dos de Keno e Veiga, que são apostas e podem ser enquadrados na estratégia de desfalcar rivais.

Mas o Palmeiras quis Ribeiro, primeiro por sua qualidade, mas também porque entendeu que o Flamengo, hoje considerado o principal adversário na Libertadores e pelo bi do Brasileiro, ficaria forte com ele. Alexandre Mattos, há algumas semanas, acabou priorizando a negociação com Borja, sonho de consumo do clube, e deixou espaço para o Flamengo se tornar o favorito para levar o meia que está na Arábia. Resta saber se a negociação vai para frente, ou não.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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