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Marcel Rizzo

Globo envia à CBF proposta de árbitro de vídeo para os 380 jogos da Série A

Marcel Rizzo

07/04/2017 04h00

A Globo já enviou à CBF propostas sobre árbitro de vídeo para atender a demanda e produzir os 380 jogos da Série A, a partir de 2018, informou a emissora ao blog.

A Confederação Brasileira de Futebol entende como fundamental o uso das imagens da retransmissora oficial das partidas, no caso as fornecidas pelo Grupo Globo, para evitar contradição quando o árbitro de vídeo analisar as cenas que necessitarem de revisão.

"Imagine se temos câmeras nossas, com imagens só nossas, e há as câmeras da transmissão oficial, com as imagens que vão para o mundo todo. Num lance polêmico, as nossas câmeras não conseguem dar uma conclusão, mas as das TV, sim. O erro poderia não ser corrigido, mas o mundo todo saberia da falha pelas imagens da TV", explicou Sérgio Correa, responsável na CBF por implementar o árbitro de vídeo no Brasil.

A Globo, num primeiro momento, informou à CBF que não gostaria de participar da parte operacional do processo, ou seja, trabalhar diretamente na edição das imagens que serão analisadas para que se chegue a uma conclusão em jogadas polêmicas. Isso para não misturar as transmissões com qualquer decisão que seja tomada pelos árbitros, estes de responsabilidade da CBF.

A CBF trabalha com um mínimo de sete câmeras, e máximo de 16, para se consiga ter funcionalidade na análise de imagens. Testes estão sendo realizados, inicialmente em jogos amistosos de seleções de base na Granja Comary, o centro de treinamento da CBF em Teresópolis (RJ). Haverá, ainda no primeiro semestre de 2017, mais testes em partidas oficiais sub-20 e femininas organizadas pela entidade.

Duas empresas já foram testadas – uma delas indicada pela Globo. Uma terceira deve participar dos próximos testes e outras duas manifestaram interesse no processo de escolha, que envolverá capacidade técnica e, claro, preço.

Se a imagem a ser usada for a oficial da TV, essas empresas cuidarão da parte operacional do processo de edição para os árbitros de vídeo trabalharem. Caso não seja usada a imagem oficial, as contratadas teriam que instalar suas câmeras, o que aumentaria o custo.

Polêmicas

O árbitro de vídeo vai aparecer na Série A do Brasileiro somente em 2018, apesar de constar no regulamento de 2017, porque a CBF só poderia começar oficialmente a utilizá-lo no segundo semestre, o que faria parte do campeonato não ter o recurso. Isso, provavelmente, geraria reclamação daqueles clubes prejudicados em partidas nas rodadas iniciais.

Mas há outra questão, mais decisiva inclusive, que é a financeira, como relatado pelo blog do Rodrigo Mattos, no UOL Esporte. A entidade não estaria disposta a aplicar o árbitro de vídeo imediatamente pelo alto custo envolvido, algo em torno de R$ 15 milhões.

O uso das imagens para tirar dúvida de lances polêmicos foi aprovado em março de 2016 pela International Board (Ifab), órgão que define as regras do futebol. A CBF foi uma das confederações, como a Holanda, que apresentou projeto e que teve autorização da Fifa para realizar testes.

A Fifa já usou o recurso das imagens no Mundial de Clubes, em dezembro de 2016, mas houve problemas – como o árbitro de vídeo comunicando ao árbitro principal um lance de pênalti não notado incialmente, mas ignorando que o jogador estava em posição de impedimento – na vitória do Kashima Antlers-JAP sobre o Atlético Nacional-COL, 3 a 0, na semifinal.

Também houve confusão porque o lance seguiu por alguns minutos até a arbitragem parar para conferir em vídeo, e depois levar a bola até a marca do pênalti. Esta é uma das preocupações da CBF, que avalia que, para agilizar o processo, o árbitro de campo não deveria ter acesso às câmeras, apenas o do vídeo, em uma sala isolada do estádio.

Veja a nota que o Grupo Globo enviou ao blog sobre o assunto:

Estamos conversando com a CBF desde o início de 2016 sobre de que maneiras o Esporte do Grupo Globo pode cooperar com a confederação para a implementação do Árbitro de Vídeo (AV) no Campeonato Brasileiro. Avaliamos alternativas e soluções e fizemos testes na prática. A partir destes resultados, apresentamos propostas para atender a demanda de produzir todos os 380 jogos do Brasileirão, que levam em conta as regras da FIFA e a IFAB e as premissas da CBF. Estas propostas estão sendo avaliadas para uma possível implementação em 2018

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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