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Marcel Rizzo

Times brasileiros pediram rigor contra ceras 'estratégicas' na Libertadores

Marcel Rizzo

14/04/2017 04h00

Em encontros, formais e informais, sobre o que poderia melhorar na Libertadores, clubes brasileiros fizeram um pedido específico à cúpula da Conmebol: que a entidade se esforçasse em coibir a catimba, ou a enrolação, tradicional de times que disputam o torneio e que resultam na perda de tempo de jogo.

A orientação, então, foi repassada aos árbitros: adicionar tempo extra em cima do tempo extra já notificado ao quarto árbitro, principalmente no segundo tempo, sempre que identificado que deliberadamente jogadores, membros da comissão técnica e até gandulas evitaram que a partida prosseguisse.

Os minutos a mais que o Palmeiras teve em dois jogos em casa na Libertadores, que ocasionaram vitórias ao final  e que renderam polêmicas, já estão na conta dessa orientação. Na quarta, os brasileiros bateram o Peñarol (URU) por 3 a 2 com gol aos 56 minutos da etapa final. Houve reclamação dos uruguaios e da imprensa local sobre a decisão do árbitro equatoriano Roddy Zambrano de levar o jogo além dos cinco minutos de acréscimo que havia informado inicialmente.

A reclamação dos clubes brasileiros apontou que os dez minutos finais de um jogo da Libertadores praticamente inexistem quando há um clube a ser beneficiado com o resultado do placar no momento. Houve três exemplos de ceras não tradicionais relatados que ocorrem com frequência:

1 – Time prepara a substituição, mas informa ao quarto árbitro o número errado do jogador que vai sair. O quarto árbitro, então, levanta a placa, o atleta errado começa a sair, mas então o treinador avisa que não é aquele que deveria ser substituído. Até o número certo aparecer, e o jogador correto sair de campo, alguns minutos são perdidos.

2 – Expulsão de membros do banco de reservas para tomar tempo. Normalmente não é o treinador, mas um médico, massagista ou preparador físico que toma alguma atitude passível de expulsão, como reclamação acintosa, e faz o árbitro correr até o banco para expulsá-lo. Quase sempre o advertido ainda demora a deixar o campo, o que gera mais minutos perdidos. Na vitória palmeirense, o técnico do Peñarol, Leonardo Ramos, chutou uma bola para longe e acabou expulso durante os acréscimos.

3 – Quando o time que quer fazer a cera está em casa, gandulas fazem as bolas sumirem na reposição de laterais e tiros de meta. Há casos em que os gandulas são expulsos, o que gera ainda mais tempo perdido.

Na orientação, se os árbitros identificarem casos assim, é para se acrescentar tempo após os 45 minutos regulamentares, além dos motivos tradicionais para acréscimo como substituições, cartões, e ceras mais comuns como demora para bater um lateral ou tiro de meta. Se o jogo já estiver no acréscimo, é para se dar ainda mais tempo, sempre avisando ao quarto árbitro.

Em casos de lesões, existe a preocupação sempre com a saúde do jogador, por isso a dificuldade maior em identificar a cera. De qualquer maneira, o árbitro é orientado a também acrescentar tempo em casos de necessidade de atendimento em campo ou se há demora para a maca retirar o atleta para a lateral do campo.

O que menos deve ser ver nessa Libertadores, após as orientações, é árbitro dando um minuto de acréscimo no primeiro tempo, e três no segundo, algo que se tornou usual mundo afora. 

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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