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Marcel Rizzo

Era dos 'supertécnicos' acabou? Levir é mais um a sofrer queda no salário

Marcel Rizzo

08/06/2017 04h00

A renovação no cardápio de treinadores no futebol brasileiro achatou o salário da profissão e aumentou um gatilho contratual que era muito usado para acordos com atletas, mas que agora passou a aparecer com frequência nos acertos com os técnicos: premiações por metas.

E essa filosofia nova atinge também aqueles profissionais chamados de "medalhões". Levir Culpi não faz parte da nova geração de treinadores – iniciou a carreira em 1986, e tem títulos como Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Campeonatos Paulista e Mineiro. Para fechar com o Santos nessa semana, aceitou receber cerca de R$ 250 mil mensais, mais gatilho de metas que podem elevar seus vencimentos até dezembro em mais R$ 50 mil/mês.

Há três anos, por exemplo, Levir Culpi ganhava cerca de R$ 400 mil para conduzir o Atlético-MG. Em 2012, ao menos quatro treinadores do futebol brasileiro tinham contratos de mais de R$ 600 mil: Abel Braga (Fluminense), Tite (Corinthians), Muricy Ramalho (Santos) e Vanderlei Luxemburgo (Flamengo).

Dois executivos de grandes clubes ouvidos pelo blog deram o mesmo panorama: técnicos mais jovens se destacando, como Fábio Carille, no Corinthians, e Jair Ventura, no Botafogo, ex-auxiliares que tinham salários baixos e permanecerem nos clubes, fizeram com que o mercado tivesse um desaquecimento no valor pago a treinadores.

Os profissionais passaram, também, a aceitar com menos resistência valores extras por metas alcançadas. No São Paulo, o ex-goleiro Rogério Ceni foi quem sugeriu ao clube que, nesse início de carreira, ele recebesse um fixo baixo para a categoria, cerca de R$ 200 mil, e completasse com objetivos alcançados, como títulos, classificações para torneios e aproveitamento de pontos.

Cuca voltou ao Palmeiras para receber mesmo salário de 2016 (Crédito: José Edgar Matos/UOL)

Tendência

Nos quatro grandes de São Paulo, o maior salário fixo hoje é o de Cuca, no Palmeiras, mas também está abaixo do que era pago há cinco anos. Ao acertar o retorno, em maio, Cuca topou receber os mesmos R$ 450 mil de 2016, quando foi campeão brasileiro, mais uma bonificação pela assinatura de R$ 1,5 milhão, que será diluído nos vencimentos.

No Corinthians, Fábio Carille recebeu aumento em março, quando também fechou acordo com um procurador para cuidar de sua carreira – ele não pretende mais voltar a ser auxiliar, e com a boa campanha corintiana no Brasileiro isso não faria o menor sentido. Hoje, Carille tem vencimentos superiores a R$ 100 mil, e também metas por títulos que podem até dobrar o valor ao final caso conquiste o título brasileiro, por exemplo.

No Rio, o flamenguista Zé Ricardo, outra novidade no banco de reservas, acertou um acordo de produtividade. A maior bolada, porém, ele não conseguirá ganhar em 2017, que era pelo título da Libertadores e vaga no Mundial de clubes, que renderia cerca de R$ 50 mil ao técnico.

Entre os grandes clubes brasileiro, hoje, os maiores salários são pagos para Abel Braga, no Fluminense, Mano Menezes, no Cruzeiro, e Renato Gaúcho, no Grêmio, todos na casa dos R$ 500 mil. Nesses acordos há os valores fixos garantidos, diferentemente de contratos por meta.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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