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Marcel Rizzo

Como Cássio, nunca chamado por Tite, virou favorito a titular da seleção

Marcel Rizzo

12/07/2017 04h00

Cássio (centro), entre Jefferson e Diego Alves, na convocação para a seleção em 2012 (Crédito: Leonardo Soares/UOL)

Tite e Taffarel procuram um goleiro para ser o titular da seleção brasileira na Copa-2018. As visitas do preparador de goleiros da CBF a alguns clubes não são apenas para observar candidatos a aparecer entre os 23 convocados. A menos de um ano do Mundial, a seleção não tem confirmado o seu camisa 1.

Nesse cenário, Cássio desponta como favorito, mesmo sem nunca ter sido chamado por Tite para a seleção. Primeiro há a questão técnica: o corintiano vive ótima fase, tem na bagagem outras convocações para a seleção (duas com Dunga e uma com Mano) e experiência no futebol europeu (na Holanda). 

O mais importante, porém, é a relação com Tite, reativada depois de um entrevero na época de Corinthians. Houve um problema, pouco antes de Tite assumir a seleção, em maio de 2016, quando Cássio foi barrado para a entrada de Walter. Internamente, Cássio revelava mais mágoa com Mauri Lima, o preparador de goleiros do time do Parque São Jorge. Hoje, a relação de técnico e goleiro é boa (já conversaram a respeito).

Com tudo isso, por que Cássio não teve chance até agora? Porque a comissão técnica acreditava que Alisson poderia ser o titular (não acredita mais), e porque Cássio tem um 2017 ótimo, mas teve um 2016 irregular, quando até perdeu a vaga de titular no Corinthians. Por isso a chance não veio antes.

Cássio já deve aparecer como titular em ao menos um dos jogos das eliminatórias para a Copa-2018, contra Equador, dia 31 de agosto, em Porto Alegre, e Colômbia, dia 5 de setembro, fora. Se a Copa fosse hoje, ele entraria como principal candidato a ser o titular, apurou o blog.

Taffarel esteve no centro de treinamento corintiano, e também no santista, vendo Vanderlei, 33. O goleiro do Santos está em ótima fase e deve ganhar chance ainda este ano. Houve também observação, in loco e por vídeos, de Magrão, do Sport, outro que está muito bem. Mas pesa contra ele a idade. Tem 40 anos hoje, e não se sabe como estará fisicamente daqui 11 meses.

Mesma situação de Fernando Prass, do Palmeiras, que foi chamado para os Jogos Olímpicos de 2016, se machucou por lá e tinha voltado ao radar de Tite no começo do ano. Eles completou 39 anos, terá 40 na Copa, mas vive fase irregular no clube e neste momento está descartado.

As opções

Não há confiança por parte da comissão técnica nos jogadores convocados para o gol até o momento. Foram sete: Alisson (Roma), Weverton (Atlético-PR), Ederson (recém vendido pelo Benfica ao Manchester City), Alex Muralha (Flamengo), Danilo Fernandes (Inter), Marcelo Grohe (Grêmio) e Diego Alves (Valencia).

Alisson foi o mais usado até agora, e pode ser até considerado o titular de Tite. Dos 11 jogos da seleção sob o comando do treinador, Alisson começou oito. Uma das partidas em que ele não esteve, amistoso contra a Colômbia para ajudar a Chapecoense, só teve atletas que atuavam no Brasil, e Weverton atuou. As duas outras partidas, amistosos frente Argentina e Austrália, jogaram Weverton e Diego Alves, em testes do técnico.

Taffarel gosta, muito, de Alisson. Foi o preparador de goleiros que o lançou como titular da seleção ainda sob a gestão Dunga, quando o arqueiro despontava com boas atuações no Inter. O problema é que Alisson é reserva na Roma. Na temporada 2016/2017 fez somente 15 partidas, nenhuma pelo Campeonato Italiano, a principal competição por lá.

Para a comissão técnica, o goleiro precisa ter ritmo, e se Alisson continuar na reserva na próxima temporada não se sabe como chegará para a Copa do Mundo.

Os outros seis atletas convocados são bons goleiros, mas não há confiança para dar a titularidade a nenhum deles. Diego Alves, que ganhou a primeira chance com Tite em amistoso contra a Austrália, foi bem avaliado, e deve ganhar novas oportunidades.

Cássio, 30, vai estrear com Tite na seleção, mas teve convocações em três momentos diferentes da carreira: em 2007, com 20 anos, foi lembrado por Dunga para amistosos contra Gana e Chile. Em 2012 foi chamado por Mano Menezes para amistosos contra África do Sul e China, e em 2015, na segunda passagem de Dunga, esteve nas partidas frente Argentina e Peru, pelas eliminatórias.

Com Tite, no Corinthians, foi campeão da Libertadores e Mundial em 2012. E confiança é algo fundamental para que o técnico da seleção escolha os jogadores sob seu comando no Brasil.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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