Israelense que levou Tevez ao Corinthians está por trás da novela Neymar
Aos 73 anos, o israelense Pini Zahavi é um dos agentes de futebol mais influentes do mundo. Ficou conhecido no Brasil na década passada, quando foi apontado pelo ex-presidente do Corinthians Alberto Dualib como um dos investidores da MSI, o fundo que colocou milhões no clube e que, inicialmente, se desconhecia a origem do dinheiro e de quem investia [foi se saber depois que vinha da Rússia].
Zahavi sempre negou estar na MSI, apesar da ligação com Kia Joorabchian, que presidia a empresa, e teve participação decisiva na compra do argentino Carlos Tevez, no fim de 2004, por meio de sua empresa, a HAZ. Tevez deixou o Corinthians em 2006, rumo ao West Ham, da Inglaterra, com negociação intermediada por Zahavi justamente por ser o país por onde melhor transita. Mas os clubes ingleses não são os únicos em que ele tem entrada, há outros. Como o francês Paris Saint-Germain.
A arquitetura de um modelo de negócio que viabilize a saída de Neymar do Barcelona por cifras monstruosas (R$ 805 milhões somente da multa rescisória, fora impostos, luvas, comissões e salários), sem afetar o fair play financeiro da Uefa (União Europeia de Futebol) que prevê um teto de gastos e endividamento dos clubes teve o dedo de Zahavi. E não foi agora.
O modelo em que a iniciativa privada bancaria a aquisição de Neymar, o utilizando como garoto-propaganda em acordos de marketing mundo afora, foi feito em 2016. A ideia do estafe do jogador era que já no ano passado ele pudesse deixar Barcelona, e o PSG acabou como principal interessado, como agora, sempre por meio do fundo de investimentos do Qatar que é dono da equipe francesa.
Mas não foi para o PSG que Zahavi primeiro ofereceu o modelo de negócio para ter Neymar. Com trânsito livre entre times ingleses, no primeiro semestre de 2016 Zahavi desembarcou em Manchester, ao norte da Inglaterra, e bateu na porta do United e do City, os dois milionários times da cidade. Interesse, claro, houve, mas nos dois casos havia dúvida se valeria o esforço sem ter o sim de Neymar.
A procura de Zahavi pelo PSG ocorreu depois, já durante as férias de verão na Europa. Os qatarianos donos do PSG querem que o time seja campeão da Europa antes de 2022, quando o país receberá a Copa do Mundo, promovendo o investimento gasto no clube e na organização do torneio.
A conversa com o PSG foi mais promissora, mas esbarrou na vontade de Neymar ficar na Espanha. Em outubro, o Barcelona anunciou a renovação do contrato do jogador até 2021, triplicando seu salário para 15 milhões de euros (R$ 55 milhões) por ano, e multa rescisória que aumentaria anualmente. Atualmente está nos R$ 805 milhões, mas ano que vem sobe para R$ 920 milhões.
Encontros e desencontros
A relação de Zahavi com Neymar teve início quando o atleta ainda estava no Santos e o israelense tentou leva-lo ao Chelsea, da Inglaterra. Em 2011 Neymar decidiu jogar pelo Barcelona, e apesar de o agente não ter conseguido negócio a relação permaneceu.
Apesar de dois fracassos (caso Chelsea e PSG em 2016), Zahavi não desistiu e o que parecia caso encerrado para PSG e Barça mudou em 2017 porque o jogador, antes reticente em deixar a Espanha, acenou com essa possibilidade, via seu pai e empresário, Neymar da Silva, como revelou o jornalista Marcelo Bechler, do Esporte Interativo.
Mesmo com valores de rescisão mais altos do que em 2016, Zahavi foi ao PSG e levou a família Neymar proposta bem parecida da oferecida um ano atrás: salários que podem bater os 40 milhões de euros (R$ 140 milhões) por ano, com gatilhos de bonificação por metas esportivas alcançadas, mas também por contratos de marketing a serem usados pelo fundo de investimento do Qatar dono do time.
O resto da história, como todos sabem, se transformou em novela. O PSG tenta montar o plano de pagamento que não afete o fair play financeiro, e o Barcelona tenta segurar um de seus craques. A janela de transferências fecha somente em 31 de agosto, e até lá muita coisa ainda pode acontecer. Sempre com o influente Pini Zahavi na negociação.
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