Por que a primeira final em jogo único da Libertadores pode ser em Miami
A cúpula da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) tem preferência por Miami, nos EUA, como primeira sede de final em jogo único da Libertadores se o Conselho da entidade aprovar a medida, o que deve ocorrer até o fim do ano.
Há, porém, resistência de algumas confederações menores (como Equador, Bolívia e Peru), que aconselharam o presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Dominguez, a adiar a ida aos EUA e não tirar da América do Sul uma primeira decisão em partida única – no formato atual do torneio, a final é realizada em dois jogos, ida e volta, na casa dos participantes.
Além de Miami, a capital peruana Lima, Rio de Janeiro e São Paulo se candidataram a receber a final, como revelou o jornalista Martín Fernandez, do "Globoesporte.com".
A preferência da Conmebol por Miami já para 2018 tentaria valorizar a competição para novos acordos de venda de direitos comerciais e de TV após o escândalo de corrupção, justamente na negociação desses ativos, que desmoronou a entidade – três dos quatro últimos presidentes estão presos acusados de receber propinas (os paraguaios Nicolás Leoz e Juan Ángel Napout e o uruguaio Eugenio Figueredo).
A ideia seria usar o mercado americano para atrair novos patrocinadores e conseguir quantias maiores nas vendas, por exemplo, do naming rights do torneio e de placas estáticas que ficam nos gramados. Em março, a Conmebol fechou justamente com uma empresa americana, a IMG, contrato para que ela venda os direitos comerciais da Libertadores – já foram fechados acordos com Gatorade, Amstel e DHL, empresa de logística.
Espelho na Europa
O blog apurou que, na visão de dirigentes da Conmebol, a inédita decisão em jogo único começando pelos EUA traria credibilidade à competição, já que foram os americanos quem iniciaram a investigação que levou à prisão os cartolas e abriu a caixa-preta que eram as contas da confederação sul-americana.
Confederações, entretanto, questionam ser ruim tirar do continente justo a primeira decisão, que seria o teste para ver se a proposta dará certo. Há medo de que não se repita o sucesso de público e receita que acontece na Europa, que tem em partida única a decisão da Liga dos Campeões, mas em condições totalmente diferente da realidade da sul-americana, principalmente de transporte entre os países.
Diretores da Conmebol apresentaram em recente reunião números de que pretendem vender 70% dos ingressos de uma final única para moradores locais da cidade escolhida – em Miami, a candidata norte-americana, vivem muitos latinos. Os 30% restantes seriam enviados aos dois clubes finalistas, que venderiam a seus torcedores, em dois formatos: ingressos únicos ou pacotes, em que a pessoa compraria deslocamento e hospedagem com descontos.
No Brasil, se candidataram Rio e São Paulo. Na capital fluminense a decisão teria como preferência ser realizada no Maracanã, mas o estádio convive com problemas de gestão, e nunca se sabe se estará preparado a receber partidas, ainda mais com datas tão distantes (a final da Libertadores em jogo único, se aprovada em dezembro de 2017, será apenas no fim de novembro de 2018).
Por isso, São Paulo, que tem as arenas do Corinthians e Palmeiras com padrão Fifa, aparece, neste momento, até como a principal opção no país.
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