Braço de TV acusada por propina comprou direitos da Copa-18 em toda América
A Fifa vendeu a um braço da Televisa, cadeia de TV mexicana acusada de pagar propina para adquirir competições de futebol, os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, em nove dos dez países da América do Sul — a exceção foi o Brasil, onde a Fifa vendeu diretamente à TV Globo, também acusada pelo executivo argentino Alejandro Burzaco de corrupção. A emissora brasileira nega os ilícitos, a Televisa não se pronunciou.
A Mountrigi Management Group Limited tem sede na Suíça (onde também está a Fifa), e pertence à Televisa. A empresa comprou diretamente da Fifa os direitos de transmissão para a Copa da Rússia, em todos os meios, na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Os valores pagos não são conhecidos.
A negociação com a Mountrigi já havia chamado atenção em 2015, pouco depois do escândalo de corrupção apelidado de Fifagate vir à tona, em maio — em 19 de setembro daquele ano, a coluna Painel FC do jornal "Folha de S. Paulo", assinada por este blogueiro, noticiou a compra desses direitos pela Mountrigi, uma empresa desconhecida apesar de braço de uma cadeia de televisão gigante como a Televisa. O detalhe, agora, é a acusação de que os mexicanos também pagavam propina a cartolas, o que fazer com que as negociações da Mountrigi sejam investigadas.
A empresa que detém os direitos de uma competição Fifa em determinado país pode, depois, repassá-los a outros veículos, por valores a serem negociados entre as partes. Foi o que a Mountrigi fez. Na Argentina, por exemplo, para a TyC International BV, braço da Torneos Y Competencias, empresa que teve Burzaco como um dos executivos e que esta no centro do escândalo de corrupção que abalou o futebol a partir de maio de 2015.
A TyC International, por sua vez, repassou os direitos que comprou da Mountrigi para a DirecTV Latin America, que efetivamente irá transmitir os jogos do Mundial do ano que vem em território argentino. O mesmo foi feito pela Mountrigi nos outros oito países, com destaque para Uruguai e Paraguai, para onde os direitos também foram vendidos para a TyC International, que igualmente os repassou depois para a DirecTV Latin America.
A Mountrigi se especializou em comprar esses direitos de transmissão de eventos Fifa nas Américas, não apenas no sul do continente: para a Copa da Rússia adquiriu na Costa Rica, Honduras, Panamá, Nicarágua, Guatemala, El Salvador e… México. Em solo mexicano, a Mountrigi repassou os direitos justamente para a Televisa.
E não foi apenas os direitos do principal torneio da Fifa nas Américas que a empresa com sede na Suiça comprou os direitos. Os mundiais Sub-17 e Sub-20, para citar dpois torneios realizados em 2017, seguiram o mesmo roteiro: compra em nove dos dez países da América do Sul, com exceção do Brasil, que é exclusivo da Globo.
O depoimento de Burzaco nesta terça (14), como testemunha de acusação em julgamento que tem como reús o ex-presidente da CBF José Maria Marin, o ex-presidente da Conmebol Juan Ángel Napout e o ex-presidente da federação peruana Manuel Burga, todos acusados de receberem propinas de empresas como a de Burzaco, citou, além de Globo e Televisa, que outras empresas também pagavam dinheiro a cartolas, como a Fox Sports e companhias de intermediação, como a Traffic e a Full Play (essas duas últimas já investigadas no Fifagate).
Marin, Napout e Burga negam as acusações de corrupção, e por isso foram a julgamento. Cerca de outras 40 pessoas envolvidas na investigação conduzida pelo Departamento de Justiça dos EUA (porque naquele país circulava o dinheiro envolvido nessas negociações) se declararam culpados e colaboraram com delações. Também acusados, Ricardo Teixeira, ex-presidente, e Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, negam atos de corrupção — eles não está presos como Marin porque estão no Brasil, que não extradita seus cidadãos.
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