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Marcel Rizzo

Como explicar árbitro de vídeo ignorar lance de pênalti para o Grêmio

Marcel Rizzo

24/11/2017 04h00

"Mínima interferência, máximo benefício". Essa é a filosofia repassada aos árbitros sobre a utilização do vídeo para que se tire dúvidas de lances duvidosos em partidas de futebol. A orientação é que se use o recurso somente em casos em que a decisão tomada em campo esteja claramente errada – não se quer que o jogo pare constantemente, ou que se demore para ter uma decisão.

E ai entra a polêmica: o retorno de muitos árbitros aos testes realizados no Brasil e na América do Sul mostram que muitos detectam dificuldade em avaliar em qual momento parar a partida para que ocorra o auxílio da tecnologia. Há quem defenda até que isso aconteça somente em lances objetivos, ou seja, uma falta marcada fora da área que foi dentro ou uma bola que entrou. Em jogadas subjetivas, que siga sempre a marcação de campo.

Aos 50 minutos do segundo tempo da primeira final da Libertadores, na quarta (22), o gremista Jael foi derrubado por Aguirre, do Lanús, dentro da área. O time brasileiro venceu por 1 a 0, mas poderia ter saído com um resultado melhor se o pênalti tivesse sido marcado — a segunda partida será na próxima quarta (29), na Argentina.

Lances de pênaltis, como agarrões ou empurrões, porém são considerados subjetivos por comissões de arbitragem mundo afora. Nesses casos, a orientação aos árbitros de vídeo é a de interferir somente se considerar claramente que houve a penalidade, e que na revisão via imagem não haverá duvida ao árbitro de campo de que é preciso anotar a falta inicialmente ignorada.

No caso do lance na partida entre Grêmio x Lanús, o árbitro de vídeo (Jesus Valenzuela, da Venezuela) parece que não teve essa certeza para avisar ao juiz principal, o chileno Júlio Bascuñan. E o momento em que o lance ocorreu não ajudou: foi no último minuto, sem tempo até para os auxiliares analisarem com calma se houve ou não a penalidade — eles poderiam, porém, avisá-lo até mesmo depois do fim da partida.

Integrante de grupo que faz a preparação do uso do vídeo no Brasil disse ao blog que a participação do árbitro de vídeo é para decisões claramente erradas. A subjetividade de lances como empurrões faz com que o auxiliar que acompanha as imagens fique em dúvida de quando pode interromper o jogo, admitiu esse membro da arbitragem.

Hoje, ao que parece, o grande dilema da tecnologia do futebol é quando parar a partida para usá-la. Pelo visto lances subjetivos continuarão rendendo polêmicas. Nesta sexta (24), como mostrou o blog do jornalista Rodrigo Mattos, o Grêmio fará uma reunião na Conmebol com o presidente da entidade, Alejandro Dominguez, para reclamar da arbitragem de Bascuñan e questionar o não uso do árbitro de vídeo.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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