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Marcel Rizzo

Presidente do Flamengo surge como nome de coalizão para presidir a CBF

Marcel Rizzo

22/12/2017 04h00

Eduardo Bandeira de Mello está no segundo mandato no Flamengo (Crédito: Julio Cesar Guimarães/UOL)

Um nome começa, devagarzinho, a surgir como potencial presidente da CBF em caso de Marco Polo Del Nero ser banido do futebol por um longo período. O presidente flamenguista Eduardo Bandeira de Mello, 64, agradaria desde o próprio Del Nero, até federações estaduais de fora do eixo Rio-SP, clubes e jogadores.

Ainda é uma ideia embrionária, considerada o plano C, e que partiu de dentro da própria CBF. Mas isso mostra que Del Nero, afastado por 90 dias pela Fifa uma semana atrás por suspeitas de ter recebido US$ 6,5 milhões em propinas, não está confiante de que seus planos A e  B possam dar certo caso seja forçado a deixar a confederação definitivamente — quem preside a CBF interinamente no momento é o vice mais velho (em idade) da entidade, Antonio Carlos Nunes, conhecido como Coronel Nunes.

Bandeira ainda não foi procurado para tratar do tema, apesar de que seu nome já vinha ganhando força para ser um dos vices de Del Nero na eleição para o mandato a partir de 2019. De qualquer maneira, a todos ele diz que cumpre o mandato como presidente do Flamengo, até o fim de 2018.

O preferido de Del Nero para assumir seu posto de maneira definitiva é o diretor-executivo da entidade, Rogério Caboclo. Homem que toca a parte administrativa da CBF, ele não agrada principalmente aos presidentes de federações menores. Como mostrou a coluna De Primeira, ele ganhou até um apelido desses cartolas, "sr. compliance", por travar qualquer pedido alegando que não respeitaria as regras de conformidade da entidade. Traduzindo, ele tem barrado solicitação de verbas.

Chefe da federação estadual mais rica do país, e sucessor de Del Nero na Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, uma segunda opção, esbarra na oposição de dirigentes principalmente do Nordeste. O mandato de Del Nero já é visto por alguns como uma "paulistanização" da CBF, e estes avaliam que alçar Carneiro a presidente só pioraria isso, como mostrou o Blog do Perrone.

Bom relacionamento

O perfil de Bandeira poderia gerar uma coalizão a favor de seu nome: é político, se dá bem com diversas alas, e já se mostrou contrário a Del Nero em alguns assuntos, como necessidade de os clubes terem certidão negativa de débito para disputarem competições – ele é a favor, a CBF contra. Ele se dá bem com o governo federal, a ponto de ter uma cadeira na Autoridade Pública de Governança do Futebol (Apfut), que fiscaliza se os clubes que aderiram ao Profut, a lei de responsabilidade do futebol, estão seguindo as regras para ter acesso a parcelamentos e juros menores de dívidas tributárias. É também um bom gestor.

Ele não seria um fantoche de Del Nero, longe disso, mas na visão da cúpula da CBF hoje também não seria um presidente radical, que é o maior temor de Del Nero. Alguém que assuma e faça caça às bruxas na entidade. Como já mostrou o portal Terra, Del Nero já cogitava colocar Bandeira como seu vice na chapa com oito nomes que montaria para a próxima eleição. Já havia um plano distante de prepará-lo para comandar a CBF ,algo que poderá ser antecipado agora.

Se Del Nero for banido por muitos anos, em um primeiro momento Coronel Nunes assume a CBF de maneira definitiva. O mandato vai até abril de 2019, mas é possível já um ano antes, ou seja, em abril de 2018 realizar a eleição. Para antecipar que alguém que seja eleito assuma antes de 2019, porém, seria preciso que Nunes e os outros três vices restantes (Gustavo Feijó, Fernando Sarney e Marcus Vicente) renunciassem também. Algo improvável.

O mandato de Bandeira no Flamengo termina em dezembro de 2018. Seria improvável que ele fosse eleito presidente da CBF, por exemplo, em abril de 2018 e, mesmo assumindo após um ano, acumulasse os cargos no clube e na confederação. A CBF também acha que pode ser complicado convencê-lo a topar concorrer em meio a toda a confusão da saída de Del Nero. Por isso que tudo ainda é tratado como embrionário na entidade, e vai depender muito de como andar o processo contra Del Nero – que pode ter recursos com tempo longo para serem resolvidos.

Del Nero é investigado pelo Comitê de Ética da Fifa com base nas delações de executivos e ex-dirigentes no caso em que o Departamento de Justiça dos EUA desvenda o pagamento de suborno a cartolas das Américas para venda de direitos comerciais de torneios como a Copa América, a Libertadores e a Copa do Brasil.

Ele nega todas as acusações, e já recorreu da suspensão provisória. Em casos parecidos com o dele, cartolas foram banidos do futebol entre seis anos e dez anos. Isso faria com que a era Del Nero no futebol brasileiro acabasse.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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