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Marcel Rizzo

Foco do Palmeiras era Ricardo Goulart. Por que então Scarpa voltou à pauta?

Marcel Rizzo

15/01/2018 11h25

Gustavo Scarpa está livre pela Justiça (Crédito: MAILSON SANTANA/FLUMINENSE)

ATUALIZADO ÀS 13H46

Não se discute a qualidade que Gustavo Scarpa, 24, dará a qualquer elenco em que apareça em 2018. Mas, nesse momento, a comissão técnica do Palmeiras via como mais importante a contratação do atacante Ricardo Goulart, que tenta se desvencilhar de seu clube chinês, do que do meia que conseguiu judicialmente a liberação do Fluminense.

Por que então o Palmeiras voltou à briga e contratou Scarpa, que interessava a diversos clubes brasileiros como São Paulo, Corinthians e Atlético-MG, além do Benfica de Portugal? Dois são os motivos: 1) oportunidade do negócio e 2) a chance de evitar que os rivais se reforcem com um atleta de qualidade.

No dia 21 de dezembro, o Palmeiras anunciava que desistia de Scarpa. O negócio esteve muito perto de ser concluído, com a ida de jogadores por empréstimo ao Fluminense e o acerto do meia, também emprestado, ao time paulista. Dois problemas, porém, minaram a transação: primeiro a não concordância do atacante Roger Guedes ir ao Rio (que acabou emprestado ao Atlético-MG). Depois, o fato de Scarpa querer um contrato de dois anos, e não de um como os clubes fecharam.

No dia seguinte, 22 de dezembro, Scarpa acionou a Justiça pedindo a rescisão com o Fluminense por atraso em pagamentos — nesse meio tempo, São Paulo e Corinthians continuaram negociando com o clube do Rio uma troca entre atletas para contratar Scarpa. Só que na semana passada, o jogador conseguiu a liberação judicial, e para o Palmeiras a oportunidade surgiu novamente: o acerto, agora, foi direto com o atleta, sem envolver jogadores para um empréstimo, por exemplo.

Todos os executivos de futebol costumam dizer que o elenco está fechado, como foi o caso dos profissionais do Palmeiras após acertos para 2018 com os laterais Marcos Rocha e Diogo Barbosa, o goleiro Weverton, o zagueiro Emerson Santos e o meia Lucas Lima, mas sempre há o parênteses de "se surgir uma boa oportunidade, podemos fazer negócio".

E Scarpa foi essa oportunidade agora, mesmo sem ser prioridade para a comissão técnica. Há entendimento que no elenco há meias de qualidade já e que atuam em função parecida com a de Scarpa, como Lucas Lima, Guerra e até Moisés. E aí entra a segunda parte de por que o Palmeiras voltou a investir no atleta: evitar que os rivais se reforcem.

Essa é uma tática usada com frequência por executivos, principalmente fora do país. Para 2017, o Palmeiras fez isso com dois jogadores ao menos: o atacante Keno, que estava negociando com o Santos, e o meia Raphael Veiga, muito perto do Corinthians. Os dois não eram prioridade naquele elenco cheio de estrelas, mas mesmo assim foram contratados também para evitar que os rivais se reforçassem.

Este ano, Lucas Lima teve seu contrato encerrado com o Santos, e o Palmeiras o contratou apesar do clube da Baixada ter tentado a renovação. O perfil de Lucas é diferente de Keno e Veiga, que chegaram para compor elenco — o meia será titular de Roger Machado nesse começo de temporada. Mas ter Lucas Lima não apenas reforçou seu elenco, como desfalcou um forte rival nos últimos anos.

O Palmeiras contratando Scarpa, é Roger quem terá que quebrar a cabeça para escalar o time com tantos atletas de qualidade na mesma posição. Não será improvável até que o Palmeiras se desfaça de um dos que já estava no elenco (Guerra?), mas outra vez o clube terá apostado na tática de é melhor ter um jogador aqui do que do outro lado do muro.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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