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Marcel Rizzo

Clubes dizem não a uso de vídeo mesmo com relatório dando 98,9% de eficácia

Marcel Rizzo

06/02/2018 11h25


Na tentativa de convencer os clubes da Série A a bancar os custos para a implantação do árbitro de vídeo a partir do segundo turno do Brasileiro-2018, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) apresentou vídeos mostrando a eficácia da tecnologia em outros países. Além disso, mostrou um relatório da Ifab, o órgão que define as regras do futebol, recomendando a utilização do VAR (sigla em inglês para árbitro de vídeo) na Copa do Mundo de 2018, a partir de junho na Rússia, e em qualquer torneio de futebol que tenha capacidade para isso.

A cúpula da CBF, apurou o blog, não entendeu portanto o discurso de alguns cartolas após a reunião ocorrida na segunda (5), no Rio, dizendo que além do valor alto para a utilização do VAR, outro motivo para a rejeição da tecnologia no Brasileiro de 2018 foi de que não há comprovação ainda da eficácia do projeto para a melhora das partidas de futebol. Alexandre Campello, recém-eleito presidente do Vasco, foi um dos que afirmou isso.

Para a CBF, o árbitro de vídeo só não será usado no principal torneio do Brasil este ano devido aos valores apresentados, cerca de R$ 20 milhões para toda a temporada, o que acarretaria em R$ 1 milhão para cada clube (se usasse só no segundo turno, cairia para R$ 500 mil) — a entidade diz que não tem como arcar com isso, e em votação 12 equipes votaram contra a utilização do VAR em 2018 (sete foram favoráveis, e um não votou).

O documento usado na reunião será usado em reunião da Fifa em março, onde será aprovado o uso da tecnologia pela primeira vez em uma Copa do Mundo. Manoel Serapião Filho, responsável na comissão de arbitragem da CBF pela implantação da tecnologia no país, fez uma apresentação com vídeos em que se demonstrava o benefício do uso. Segundo o relatório da Ifab, em 98,9% dos casos analisados (804 jogos de competição) houve correção acertada do que seria um erro em campo do árbitro.

Uma das principais críticas ao VAR é o de que pode não servir para casos subjetivos, como um lance de pênalti, por exemplo, em que atualmente mesmo com várias câmeras nos estádios não se chega a uma conclusão. No documento da Ifab é demonstrado que a parceria entre o árbitro de campo, que pode ter acesso às imagens, mais os dois ou até três auxiliares de vídeo, que estão em uma sala analisando a jogada, faz com que a chance do erro ser mantido seja mínima.

Outro ponto abordado foi a questão da parada de tempo excessiva nas partidas para a conferência das imagens — esta é outra clássica crítica à tecnologia, de que tiraria o ritmo de um esporte em que o cronômetro não para, diferente, por exemplo, do basquete, do futebol americano e do tênis (este nem cronômetro tem).

No relatório apresentado, se mostra que em mais de 68% dos jogos analisados não foi necessária a parada para analisar imagens sobre possível erro. Essa é uma decisão somente do árbitro de campo, que pode até ser avisado pelos auxiliares de uma possível falha, mas ele só para se quiser. E a orientação da comissão de arbitragem da Fifa é a de apenas interromper o jogo caso seja avaliado a grande possibilidade de erro em um lance específico.

"Seria um grande avanço, é um investimento necessário. Os clubes recebem milhões de direitos de transmissão, poderiam investir nessa melhora para o futebol", disse Marco Antônio Martins, presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol). Ele esteve na reunião e defendeu para os clubes o uso do VAR.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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