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Marcel Rizzo

Eleição a governador pode fazer Brasil perder vaga em tribunal da Conmebol

Marcel Rizzo

08/02/2018 04h00

O Brasil pode perder em breve seu representante no Tribunal de Disciplina da Conmebol, responsável por julgar casos ocorridos em campo, e fora dele, em torneios como Libertadores e Sul-Americana. E o motivo é eleitoral: o advogado Caio César Rocha, ligado ao DEM, aparece como favorito a assumir o posto de candidato de oposição ao governo do Ceará.

Rocha, 37, é um dos cinco membros da primeira instância da Unidade Dsciplinar da Conmebol. É para lá que vão inicialmente os casos como do volante palmeirense Felipe Melo, suspenso da Libertadores em 2017 por briga com os uruguaios do Peñarol, ou dos torcedores do Nacional-URU que simularam um avião para provocar a Chapecoense em partida desta temporada — a segunda instância é o Comitê de Apelações, órgão que não conta com brasileiro.

Se até abril ele decidir concorrer ao governo do seu estado (informação divulgada inicialmente pelo jornal Diário do Nordeste) terá que abrir mão da função na confederação sul-americana bem em meio à fase de grupos da Libertadores. A CBF poderá indicar outro membro, mas pode levar alguns meses para que o posto seja ocupado. Há, porém, outra possibilidade: de o Brasil perder a vaga no tribunal (indicado de outro país assumir).

Funciona assim: os dez países filiados à Conmebol se dividem entre o Tribunal de Disciplina e o Comitê de Apelações — um representante de cada federação, cinco em cada corte. O Tribunal, onde o Brasil tem vaga hoje, é considerado mais importante por direcionar as punições ou absolvições. O de Apelação, dentro da Conmebol, é tido apenas como aquele que confirma a pena, menos importante portanto. Por isso que os representantes brasileiros na Conmebol querem que haja uma definição rápida do caso para o Brasil não perder posto no tribunal que importa.

Apesar de Rocha ter que se colocar como impedido de julgar casos envolvendo clubes ou jogadores brasileiros, especialistas dizem que também é importante ter membro no tribunal porque que os integrantes conversam muito entre si nas tomadas de decisões para entendimento, por exemplo, do contexto vivido por um time ou atleta de país que não faz parte do seu dia a dia.

Rocha presidiu o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por dois anos, entre 2014 e 2016. Nesse período acabou indicado, também, para o tribunal da Conmebol, durante a Copa América de 2015, torneio que foi realizado no Chile e que teve polêmicas como a suspensão do atacante brasileiro Neymar por confusão com a arbitragem em jogo contra a Colômbia.

No Ceará, Caio Rocha apareceu nos últimos dias como opção de oposicionistas em confronto contra o governador petista Camilo Santana, que tentará a reeleição em outubro. O nome foi colocado à mesa pelo senador Tasso Jereissati, do PSDB, principal nome de oposição no Estado.

A aposta no advogado seria justamente por ele não ter cargo público, e também por ser jovem — com apoios de caciques cearenses como os irmãos Ciro e Cid Gomes, e provavelmente o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), Camilo Santana é tido como favorito a se reeleger, e a oposição parece sem nome de consenso para enfrentá-lo. O blog tentou contato com Caio César Rocha, sem sucesso.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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