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Marcel Rizzo

Conmebol inchou Libertadores para ter mais times tradicionais. E deu certo

Marcel Rizzo

26/02/2018 04h00

O plano da Conmebol de aumentar o número de participantes da Libertadores para fazer com que mais times tradicionais disputem a fase de grupos funcionou para 2018, que terá 17 campeões entre os 32 que chegaram a essa etapa. Poderia ter sido até mais, se o Olímpia-PAR não tivesse parado na segunda eliminatória.

O inchaço do principal torneio de clubes da América do Sul visa, com a presença de equipes com forte mercado em seus países por terem mais torcedores, fazer com que a entidade consiga melhores contratos na venda dos direitos comerciais da competição, em concorrência aberta a partir da próxima edição, em 2019.

Recém-empossado diretor de competições de clubes da Conmebol, o brasileiro Frederico Nantes não acha que a presença de 47 equipes na Libertadores, número alcançado em 2017, faça o nível técnico cair.

"O nível técnico da competição não caiu em nenhuma das suas fases. A ampliação no numero de vagas de 38 em 2016 para 47 em 2017 permitiu que um maior número de clubes tradicionais dispute a Libertadores, tendo em vista que o Brasil ganhou mais duas vagas e os outros nove países ganharam mais uma vaga cada um. Alguns confrontos que aconteceram inclusive nas fases 1 e 2 da Libertadores são inclusive partidas que poderiam muito bem ser jogos da fase final da competição", disse ao blog.

No ano passado, o plano não funcionou tão bem. Na fase de grupos, dos 32 times classificados 11 eram campeões. O Olímpia (de novo) e o Colo Colo-CHI caíram nas fases preliminares, que foram criadas para receber equipes que não conseguiriam a vaga direta na etapa de grupos pelos critérios técnicos que cada país define. Os quatro times que avançaram em 2017 nunca venceram o torneio, e um deles, o Tucumán, da Argentina, estreava na competição.

A Conmebol traça desde 2016 planos para viabilizar comercialmente a sua principal competição. Estudos solicitados chegaram à conclusão que é importante para as empresas investirem no torneio que estejam nela os principais times, aqueles com maiores torcedores. É uma conclusão óbvia, mas que fez os cartolas da Conmebol quebrarem a cabeça para que isso pudesse acontecer, já que as vagas para a Libertadores não são preenchidas convites, mas por critérios técnicos.

Aumentar o número de participantes era a solução ideal, mas não se podia acrescentar grupos, pois deixaria complicada a fórmula de disputa. Por isso foram criadas as três fases preliminares, que até então era apenas uma, apelidada de "pré-Libertadores". Em países com menor competividade nos torneios nacionais, avaliou-se que dificilmente equipes tradicionais não estariam ao menos nas etapa preliminar, o que de fato se concretizou — vide a presença do Olímpia e do Nacional-URU este ano. Do Brasil estiveram Vasco e Chapecoense.

O fato de metade dos times na fase de grupos serem ex-campeões, e portanto terem ótimo mercado em seus países, será usado pela Conmebol na negociação para patrocinadores e, principalmente, para os direitos de transmissão, que também estão em aberto para a próxima temporada.

Em 2018, sete brasileiros estão na fase de grupos, todos ex-campeões: Grêmio, Flamengo, Cruzeiro, Vasco, Palmeiras, Corinthians e Santos. A Argentina tem os tradicionais, e também ex-campeões, River Plate, Boca Juniors, Estudiantes, Independiente e Racing. Cardápio perfeito para atrair investidores.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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