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Marcel Rizzo

PSG tenta convencer CBF a poupar Neymar de amistosos da seleção após a Copa

Marcel Rizzo

02/03/2018 04h00

Neymar sofre a lesão: ele só volta a jogar em maio (Crédito: Thibault Camus/AP)

A conversa entre a direção do Paris Saint-Germain e o estafe de Neymar sobre a realização da cirurgia no pé direito do atacante envolveu a seleção brasileira porque daqui pouco mais de três meses começa a Copa do Mundo, e o camisa 10 é o principal atleta do Brasil. Na negociação para se definir qual método usar na recuperação da fissura no quinto metatarso, o clube francês apontou preocupação com relação a falta de férias que ele deve ter nos dois próximos períodos, em 2018 e 2019. E pediu para que a CBF o poupe de algumas convocações.

No fim das contas se decidiu pelo procedimento cirúrgico, e não um tratamento convencional à base de fisioterapia, e a operação será realizada neste sábado (3) em Belo Horizonte pelo médico da seleção Rodrigo Lasmar — ele só deve voltar a jogar em maio. O PSG topou liberar a cirurgia, a preferência de Neymar e do técnico Tite, mesmo sem ter recebido a garantia da CBF de que seu principal jogador, que custou mais de R$ 830 milhões, terá descanso nos próximos anos.

A agenda do time da CBF prevê a Copa do Mundo da Rússia, entre junho e julho deste ano, e a Copa América, entre os mesmos meses de 2019. Junho e julho é o período de férias para os times europeus, quando os atletas podem se recuperar da temporada anterior. Como os dois torneios estão no calendário da Fifa, se Neymar for convocado (e será) o PSG é obrigado a liberá-lo, mesmo descontente pelo descanso interrompido.

O blog apurou que o PSG, nas conversas sobre o procedimento da cirurgia no pé direito do jogador, sondou a CBF sobre a possibilidade de poupá-lo de jogos amistosos, principalmente no segundo semestre de 2018, pós-Copa da Rússia. As eliminatórias para a Copa de 2022, no Qatar, só devem começar no segundo semestre de 2019, depois da Copa América, e as datas Fifa entre setembro de 2018 e setembro de 2019 serão preenchidos com amistosos – não há jogos na Europa nesses períodos, por isso Neymar poderia descansar.

A CBF, porém, tem um problema para aceitar deixar Neymar fora: contrato com parceiros que negociam os jogos não oficiais da seleção pede que os melhores estejam em campo, exceto quando haja problemas físicos. E Neymar, como principal jogador brasileiro na atualidade, é esperado em todas essas partidas.

Há também uma segunda questão: não se sabe, ainda, quem será o técnico da seleção brasileira depois do Mundial na Rússia. A cúpula da CBF gostaria que Tite renovasse até antes da Copa, mas no fim vai se esperar o resultado do torneio. Se um desastre ocorrer, pode ser que ele não permaneça e aquele que assumir dificilmente abrirá mão de Neymar em um início de trabalho (com Tite ficando poderia até ser mais fácil negociar algum descanso para o atleta).

Calendário apertado

O PSG viu nessa lesão uma oportunidade de abrir para a CBF sua preocupação com o fato de o jogador ter no calendário, principalmente, a Copa América de 2019, torneio secundário entre seleções, mas que terá uma particularidade: será no Brasil e a CBF sabe que precisa de Neymar em campo para impulsionar o torneio. Ou seja, qualquer chance de não tê-lo nessa competição é nula.

É compreensível a preocupação dos franceses com o excesso de jogos, e a falta de descanso do seu astro. Neymar sofreu com isso quando deixou o Santos e foi para o Barcelona, em meados de 2013. A seleção brasileira teve sequência de torneios (Copa das Confederações-2013, Copa do Mundo-2014 e Copa América-2015) no meio desses anos, e ele só foi ter férias em 2016, e só porque foi feito um acordo entre espanhóis e CBF para ele ficar fora da Copa América do Centenário, nos EUA.

Como a CBF queria o atacante nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, em agosto, e o Barcelona não era obrigado a liberá-lo a esse torneio, que não faz parte do calendário Fifa, os brasileiros toparam deixá-lo fora da Copa América, em junho, quando finalmente Neymar pôde ter férias decentes, para usá-lo na campanha do ouro olímpico.

Ao que parece, o PSG não terá sucesso em sua investida para que Neymar jogue menos amistosos pela seleção brasileira. Mas é uma queda de braço que pode continuar por alguns anos.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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