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Marcel Rizzo

Fifa corta, mas cartola ainda ganha quase R$ 1 mi só para estar em reunião

Marcel Rizzo

21/03/2018 04h00

Imagine o cargo em que você é membro do conselho de uma instituição, que se reúne de quatro a cinco vezes por ano, em diversas partes do mundo, com passagens e hospedagem pagas, diárias gordas e, para sentar à mesa e decidir o rumo do setor que aquele grupo comanda, ainda é remunerado com quantia que bate o R$ 1 milhão em alguns casos.

Esse posto ainda existe, apesar de a Fifa ter feito cortes no rendimento de seus dirigentes desde 2015, quando estouraram denúncias de corrupção que levaram cartolas a perda de cargos e até à prisão mundo afora. Em 2017, os membros do Conselho da Fifa, o antigo Comitê Executivo, receberam pagamento anual que variou de US$ 250 mil (R$ 825 mil) a US$ 300 mil (R$ 990 mil), sem contar as diárias pagas durante as viagens e os impostos.

Os dados estão no relatório financeiro da Fifa apresentado na sexta passada, em Bogotá (Colômbia), justamente aos membros do Conselho, formado por 37 pessoas, entre elas o presidente da entidade, Gianni Infantino. No documento também aparece quanto o comandante da Fifa recebeu no ano passado: somente de salário foram US$ 1,53 milhão, pouco mais de R$ 5 milhões. É superior ao US$ 1,27 milhão (R$ 4,1 milhões) que Infantino ganhou em 2016 — com 45 dias a menos no cargo, já que foi eleito em fevereiro daquele ano.

Para 2017, a Fifa diminuiu valores pagos a alguns dos integrantes do seu Conselho, que dita o rumo da governança do futebol e tem como participantes Infantino, oito vices e 28 membros divididos entre as seis confederações filiadas. Esses 28, além dos dois vices que não são presidentes de umas das seis confederações, tiveram US$ 50 mil a menos no ano comparado com o que ganharam em 2016 ( a remuneração caiu de US$ 300 mil para US$ 250 mil).

Entre esses está o brasileiro Fernando Sarney, vice da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e um dos cinco representantes da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) no Conselho. Já os seis vices que também acumulam o cargo de presidente de uma confederação, como o paraguaio Alejandro Dominguez, da Conmebol, mantiveram os US$ 300 mil anuais.

Houve corte brusco, sim, nas diárias que esses cartolas recebem quando se deslocam para participarem das reuniões — são dois dias de encontros, normalmente, mas muitas vezes o dirigente fica quase uma semana fora de sua base. Até 2016, as diárias pagas eram de US$ 500 (R$ 1,65 mil), valor agora que caiu pela metade, para US$ 250 (R$ 825), mas ainda com um adendo: se em determinado dia a Fifa tiver pago o café da manhã e o almoço ou jantar do membro (em um evento, por exemplo), a diária cai para US$ 150 (R$ 495).

Em 2017, a Fifa gastou total de US$ 12,5 milhões (R$ 41 milhões) remunerando apenas os cartolas do Conselho, com outro adendo: houve uma economia de mais de US$ 4,8 milhões (R$ 16 milhões) com a retirada da pensão que era paga a todos os dirigentes que ficaram oito ou mais anos no Comitê Executivo da entidade.

O total gasto no ano passado pela Fifa com a cartolagem, mas também com seus funcionários, foi de US$ 61 milhões (R$ 201 milhões). Somente a cúpula, que conta o presidente Infantino, a secretária-geral Fatma Samoura, mais dois subsecretários e outros nove chefes de áreas específicas custaram mais de US$ 12,6 milhões (R$ 41 milhões) — Samoura recebeu só de salário US$ 1,33 milhão (R$ 4,4 milhões) .

O balanço financeiro da Fifa, com todos os detalhes, será apresentado dia 13 de junho, no Congresso da entidade que será realizado em Moscou, na véspera da abertura da Copa da Rússia.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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