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Marcel Rizzo

Qatar na Copa América? Conmebol aceitou sugestão da Fifa por Copa-2030

Marcel Rizzo

07/05/2018 10h02

O convite da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) para que o Qatar participe da Copa América de 2019, no Brasil, partiu de uma sugestão da Fifa. A entidade que controla o futebol no mundo quer que o país-sede da Copa de 2022 ganhe "rodagem" em torneios internacionais, já que estreará em Mundiais justamente no que organizará.

O Qatar aparece apenas como 101º no ranking da Fifa (de 211 filiados), e nas eliminatórias asiáticas para a Copa da Rússia, que começa daqui pouco mais de um mês, os qatarianos até se classificaram para a fase final, mas acabaram na lanterna do Grupo A, com seis equipes, longe das duas vagas diretas ou da posição de repescagem.

Tecnicamente, portanto, o Qatar acrescenta bem pouco à Copa América. Politicamente, porém, pode ser fundamental para o objetivo da América do Sul em organizar a Copa do Mundo de 2030 na Argentina, Uruguai e Paraguai. Não à toa, o outro convidado para o torneio de 2019 também vem da Ásia, o Japão (que já esteve, como convidado, na Copa América de 1999 no Paraguai).

A Conmebol tenta, com os convites a Qatar e Japão, proximidade dos países asiáticos por votos pelo Mundial de 2030. O novo sistema da Fifa para escolha de sedes das Copas prevê votação dos 211 filiados, e não mais dos membros do Conselho, formado por dirigentes das seis confederações. E apoios de federações pode formar um efeito dominó, com cartolas do Qatar e Japão, por exemplo, fazendo lobby favorável aos outros membros da AFC (Confederação Asiática de Futebol).

Para 2026, a Conmebol já anunciou que votará em bloco na candidatura tripla da Concacaf (Confederação das Américas do Norte, Central e Caribe), de EUA, México e Canadá — a eleição ocorre dia 13 de junho, durante o Congresso da Fifa em Moscou, na véspera da abertura da Copa. O concorrente é Marrocos, que busca justamente apoio na Europa e na Ásia. O problema para a Conmebol na luta pro 2030 é justamente porque deve ser uma das eleições mais concorridas, com a presença de dois candidatos gigantes: a China, hoje a principal parceira comercial da Fifa, e a Inglaterra, que terá todo o respaldo europeu apesar de, atualmente, não viver um bom relacionamento com a Fifa.

A Conmebol, por sinal, tentou convencer a China a participar da Copa América de 2019, já que a ideia inicial era ter 16 participantes. Os chineses, porém, refutaram justamente porque devem ser concorrentes da América do Sul por 2030, o que tornava uma costura política inviável. EUA e México, que devem apoiar a América do Sul por 2030, também ficaram de fora da Copa América, mas por questões técnicas.

A Copa América 2019 terá as dez seleções da América do Sul, mais Qatar e Japão, e será jogada de 14 de junho a 7 de julho, em número de sedes ainda indefinida. Seis cidades estão praticamente asseguradas: São Paulo (com dois estádios, as arenas de Corinthians e Palmeiras), Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Brasília.

Fortaleza e Recife receberam inspeções, mas a promessa era de que uma das duas entraria com 16 times participando. Com o enxugamento para 12 seleções, podem ficar fora já que o investimento para estruturas temporárias, por exemplo, seria inviável para receber um ou dois jogos apenas.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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