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Marcel Rizzo

Culpados ou inocentes? O peso de craques como Messi e Neymar em uma Copa

Marcel Rizzo

23/06/2018 09h51

Na Argentina, Lionel Messi recebe críticas pelo que alguns avaliam como displicência. Suas atuações nos dois jogos na Copa da Rússia não foram apenas ruins. Foram, aparentemente, desinteressadas, como se não quisesse estar ali. Se não fosse Jorge Sampaoli, que acabou se transformando no alvo da ira argentina por decisões equivocadas em escalações e no gerenciamento do elenco, Messi estaria recebendo toda a culpa pela péssima campanha.

No Brasil, Neymar faz gol, chora, se irrita, comportamento, em campo, que é o oposto do ex-parceiro de Barcelona, de quem é amigo. As críticas ao brasileiro são por outro motivo: excesso de faltas cavadas, o famoso "cai-cai". Como Messi, Neymar não tem paz para jogar futebol. E se o Brasil cair precocemente na Copa, a culpa será dele — o camisa 10 brasileiro não deve ter a companhia de Tite nesse fracasso, como Messi terá a de Sampaoli, já que o treinador brasileiro é quase uma unanimidade.

Qual o peso de um jogador em uma campanha de Copa do Mundo? O time da Argentina, por exemplo, convive com dois problemas. O primeiro é uma troca de geração de jogadores, algo que não está sendo bem trabalhado. O time de Mascherano, Messi, entre outros, começa a dar lugar a Pavón e Lo Celso, mas é uma transição claramente complicada, o que chega ao segundo problema: talvez essa nova turma não seja tão boa quanto a anterior.

Como culpar Messi se o time não está treinado, não há um esquema definido, e até a qualidade do elenco é duvidosa? Há certa coerência, portanto, nas críticas mais pesadas de imprensa e torcedores argentinos a Sampaoli, mas não se engane: se a Argentina não ganhar da Nigéria na terça, e sair precocemente da Copa, Messi será tachado novamente de amarelão, afinal não ganhou um título que fosse com a camisa argentina.

O mesmo para Neymar. Tite pode até ser questionado se houver um vexame, talvez por ter convocado alguns atletas que estavam em recuperação física, talvez por ter chamado outros que não são do agrado desse ou aquele, mas Neymar será a maior vítima. O desabafo que ele fez, o choro, talvez seja porque ele sabe disso.

Nos cinco títulos brasileiros, havia os craques (Pelé estava em três), mas havia também um time, uma base. Tite, mais do que Sampaoli, montou essa base, mas ao começar a Copa parece vê-la ruir. Willian não está bem, e já começa a dúvida se Renato Augusto, mesmo baleado, não deva voltar ou então Fernandinho ganhar uma vaga.

Independentemente do que acontecer, a culpa ou a glória serão de Neymar. Que claramente não está 100% fisicamente para disputar uma Copa do Mundo. Do outro lado, a culpa e a glória serão de Messi, que não tem um time e um esquema tático decentes para compartilhar.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.