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Marcel Rizzo

Felipão terá grana da Crefisa, mas Palmeiras quer 'carinho' com a base

Marcel Rizzo

31/07/2018 04h00

A negociação para a contratação de Luiz Felipe Scolari para sua terceira passagem pelo Palmeiras teve como um dos tópicos a utilização de atletas da base nos próximos meses. Ponto fraco dos últimos anos no clube, que teve dinheiro farto entrando da Crefisa, seu patrocinador, para ir ao mercado, apostar em garotos é algo que não desagrada a Felipão e nas conversas com a cúpula alviverde o último trabalho do treinador no Grêmio, entre 2014 e 2015, foi usado como exemplo.

Contra o Paraná Clube, domingo (29), o interino Wesley Carvalho surpreendeu e escalou o atacante Artur, 20, que fez apenas seu sétimo jogo pela equipe. Não foi uma exigência de Felipão, que apenas aprovou o nome em conversa pelo telefone. Mas teve o aval da direção do clube, que quer a partir agora tentar mesclar os veteranos que venham a ser contratados a peso de ouro com garotos.

Muito se deve à venda de Fernando, atacante de 19 anos negociado por mais de R$ 25 milhões em junho ao Shakthar Donetsk. O jogador fez apenas dois jogos pelo profissional antes de sair, e já tem se destacado na Ucrânia a ponto de virar titular. Como uma nova regra faz com que o Palmeiras tenha que ressarcir a parceira Crefisa pelo investimento em atletas, a venda de crias da base pode ajudar na manutenção do bom momento financeiro do clube.

Felipão topa e gosta de usar garotos. Quando reassumiu o Grêmio em 2014, depois de comandar a seleção brasileira na Copa do Mundo do Brasil, o treinador ouviu de Fábio Koff, presidente na ocasião, que o clube não tinha dinheiro para contratações caras e que gostaria de apostar em jovens. Havia talento na base, disse. Felipão aceitou, e ainda em 2014 colocou para jogar o volante Walace, que chegaria à seleção brasileira e, em janeiro de 2017, foi vendido ao Hamburgo (ALE) por 10 milhões de euros — hoje ele está no Hannover (ALE), o que rendeu mais R$ 2,6 milhões ao clube gaúcho por conta da cláusula de venda futura.

Em fevereiro de 2015, Felipão levou ao time profissional Arthur, volante que se tornaria uma das principais peças no time montado por Renato Gaúcho nos últimos anos e que, em março de 2018, foi vendido ao Barcelona por 30 milhões de euros, na maior transação da história do futebol do Rio Grande do Sul. O técnico Tite, inclusive, foi criticado por não ter levado Arthur para a Copa do Mundo da Rússia.

A utilização de Artur, porém, não foi instantânea. Felipão o escalou apenas uma vez, e ele acabou voltando a treinar com o chamado time B, de transição, sendo chamado esporadicamente para ajudar nos trabalhos da equipe principal. Em entrevista ao "Mundo Deportivo", de Barcelona, antes da Copa da Rússia, Felipão admitiu que a formação de Arthur é obra mais de Renato do que dele, mas de fato foi ele quem deu a primeira chance ao volante.

Luan, outro gremista que Tite poderia ter levado à Rússia, foi lançado no time titular do Grêmio por Enderson Moreira, no início de 2014, mas vivia altos e baixos. Foi com Felipão que se firmou como titular, em um time que tinha como parceiro de ataque Dudu, que voltará a trabalhar com o técnico agora em São Paulo.

O Palmeiras não deixará de contratar, mas quer usar melhor os garotos e a boa atuação de Artur no domingo mostrou que pode dar resultado essa mescla. Tanto esportivo, como financeiro. E a contratação de Felipão, apesar de criticada por alguns pelo fato de ser um treinador da "velha guarda", pode, por incrível que pareça, ajudar nisso.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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