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Marcel Rizzo

Times mistos no Brasileiro incomodam CBF e limite de inscritos vira opção

Marcel Rizzo

14/08/2018 04h00

Times importantes que desistem tão cedo do Brasileiro para priorizar torneios mata-mata como a Copa do Brasil e a Libertadores continuam incomodando a direção da CBF, que vê perda de valor de mercado do campeonato. E um estudo da Fifa pode ser usado pela entidade brasileira para convencer os clubes por mudança e tentar dificultar a utilização de times reservas em sua principal competição.

Uma das ideias é limitar o número de inscritos no campeonato — como é feito em alguns Estaduais, como o Paulistão, e em torneio eliminatórios, como a Libertadores. Há, porém, resistência dos clubes — hoje, se o jogador está regularizado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF, pode entrar em campo. Se o time tiver 50 jogadores nessa condição, todos podem atuar. Qualquer mudança, porém, precisa ter a anuência dos clubes no Conselho Técnico do torneio, que normalmente ocorre no início do ano. Não depende, portanto, exclusivamente da CBF.

O documento da Fifa mostra que 72% das associações filiadas à federação internacional têm algum limite de inscrições de jogadores para seus torneios nacionais. O número chamou a atenção, já que é mais de dois terços dos 211 membros, e será apresentado como tendência a representantes dos clubes brasileiros nos próximos encontros.

A Fifa também mostrou que em média os torneios limitam em 30 o número de inscritos, número que, apurou o blog, ainda é considerado alto dentro da CBF, já que não resolveria muito o problema de escalação de time quase todo reserva, como ocorreu neste último final de semana da Série A. Palmeiras, Grêmio, Corinthians e Cruzeiro optaram por poupar jogadores para os jogos do meio de semana da Copa do Brasil.

O ideal seria um máximo de 25 inscritos, com um porém: seria liberado colocar quantos atletas de base, sub-20 ou sub-21, a se discutir, o clube quisesse. Seria uma forma, também, de fazer com os times optassem por atletas jovens em seus elencos em vez de sair desesperadamente ao mercado, já que o limite tornaria desnecessário elencos tão inchados.

O estudo da Fifa, mostra, por exemplo que na Ásia (86%), Oceania (89%) e na África (90%), continentes em que o futebol não é tão desenvolvido, a maioria dos países limita número de inscritos, segundo o texto para tentar equilibrar as competições — mesmo times mais endinheirados não poderiam encher seus elencos de jogadores caros. Na Concacaf, que engloba as federações das Américas do Norte, Central e Caribe, 72% dos países limitam inscrições.

Mas quando se chega nos dois continentes mais fortes, dos melhores jogadores, esse número cai. Na Conmebol, metade limita — Brasil está entre os que não limitam. Já na Uefa o número é ainda menor, 48%. Na Europa também há resistência dos clubes, principalmente dos mais ricos, em limitar o número de atletas que podem usar em campo.

O primeiro turno do Brasileiro nem acabou e times bem posicionados na tabela, como Grêmio (3º), Palmeiras (6º), Corinthians (7º) e Cruzeiro (8º) já poupam atletas. Há a questão financeira, já que a Copa do Brasil pagará ao campeão R$ 50 milhões somente pelo título, fora o que os times receberão a cada etapa (valor total chega aos R$ 68 milhões), enquanto o Brasileiro dá ao campeão cerca de R$ 18 milhões, mas não é só isso.

Torneios mata-mata são mais rápidos de ganhar do que o Brasileiro e suas 38 rodadas, onde é preciso ter bom planejamento e regularidade. Para times que estavam na Libertadores, o título da Copa do Brasil pode chegar em oito jogos. Como diretores, treinadores e jogadores, no Brasil, vivem de títulos, melhor apostar na possibilidade mais curta.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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