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Marcel Rizzo

Recurso santista na Suíça não pode 'melar' Libertadores, que vai até o fim

Marcel Rizzo

28/08/2018 14h25

A chance de a Libertadores "melar" e ter a temporada anulada caso o Santos seja eliminado na noite desta terça (28) pelo Independiente e, no futuro, conseguir uma decisão favorável no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS, na sigla em inglês), na Suíça, é zero. Se os brasileiros nos próximos meses provarem na última instância disciplinar do esporte que não tiveram culpa na escalação irregular do volante Carlos Sánchez, haverá uma compensação financeira. E só.

"Caso haja uma sentença futura favorável ao Santos dentro de alguns meses, é improvável que o CAS mande jogar novamente as partidas da competição pela impossibilidade prática de sua execução. Em casos como este, normalmente, o assunto se resolveria mediante a fixação de uma compensação financeira pelos prejuízos sofridos pelo Santos", disse Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo.

Membro de tribunal disciplinar esportivo ouvido pelo blog disse que em decisões como esta se entende que anular o resultado da competição prejudicaria times que não tem nada a ver com o imbróglio que causou a perda de pontos do Santos, por isso a compensação financeira é a solução. Como, pelo protocolo, o Santos primeiro precisa recorrer à Câmara de Apelações da Conmebol, para só depois ir ao TAS, isso vai demorar meses e provavelmente a Libertadores já terá terminado ou estará nas fases semifinal ou final.

O exemplo vale também para o caso do River Plate, que também escalou um jogador que deveria cumprir suspensão, o meia Zuculini. Mas como nenhum time reclamou no prazo de 24 horas pós-partida (e foram em sete), a Conmebol entendeu que não tem como punir o time argentino. Mesmo assim o Racing, rival do River nas oitavas da Libertadores, prometeu acionar o TAS se necessário. Mesmo se conseguir algo, terá apenas ressarcimento financeiro e não qualquer mudança na tabela da Libertadores.

Essa compensação financeira é estipulada de acordo com o que os advogados do clube conseguirem provar de danos causados com a eliminação injusta. No caso do Santos, por exemplo, seriam calculadas as cotas não ganhas por avançar para fases posteriores, possíveis patrocínios pontuais que poderiam ser fechados com a visibilidade nas etapas finais da Libertadores, além de perda de dinheiro por não ter se classificado para o Mundial de Clubes. Nem mesmo os advogados do Santos imaginam a quanto poderia chegar esse valor, que teria que ser pago pela Conmebol.

Um pedido de inclusão na Libertadores de 2019, se não conseguir a vaga em campo pelo Brasileiro, dificilmente seria atendida pelo tribunal suíço, apurou o blog. O princípio seria o mesmo de anular o resultado da Libertadores, já que outros times que conseguiram a classificação em campo poderiam ser prejudicados se fosse necessário ceder uma vaga ao Santos.

O Santos foi condenado nesta terça (28) pelo Tribunal de Disciplina da Conmebol, a primeira instância, à perda da partida de ida das oitavas de final da Libertadores para o Independiente por 3 a 0 por ter, segundo o tribunal, escalado de forma irregular Sánchez, que deveria ter cumprido suspensão por expulsão ocorrida em 2015. A partida, no campo, havia terminado 0 a 0 e agora o Santos precisa vencer os argentinos por quatro gols de diferença nesta terça para avançar às quartas de final — um 3 a 0 leva a decisão para os pênaltis.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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