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Marcel Rizzo

Clubes reclamam de fraqueza da CBF na Conmebol e querem mudar regras

Marcel Rizzo

01/09/2018 04h00

Clubes brasileiros pretendem levar até a diretoria da CBF reclamação contra o que chamam nos bastidores de "fraqueza brasileira" dentro da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol). Já que o atual presidente da confederação brasileira, Antônio Carlos Nunes, está sem clima na entidade sul-americana depois de ter traído o voto em bloco do continente para a eleição da sede da Copa-2026, haverá o pedido para que uma outra pessoa seja incumbida oficialmente de defender os pleitos dos brasileiros na Conmebol.

Esta pessoa provavelmente será Fernando Sarney, vice da CBF e representante sul-americano no Conselho da Fifa. Presidente eleito da CBF, Rogério Caboclo assumirá o lugar de Nunes no Conselho da Conmebol somente em abril de 2019, quando ocupar definitivamente o cargo na confederação brasileira.

Não se sabe ainda como Sarney atuará na Conmebol para minimizar a insatisfação de clubes como Santos, Flamengo, Corinthians, para citar alguns descontentes, mas duas exigências devem abrir o debate: mudanças nos regulamentos e procedimentos de inscrição de jogadores e do Tribunal de Disciplina da entidade.

No primeiro caso o desejo é que a Conmebol também possa ser responsabilizada em caso de erro na inscrição de atletas. Hoje, pelas regras, a responsabilidade é total do clube, então mesmo se receber uma informação equivocada do departamento de registro da confederação, e escalar o jogador, pode ser punido.

O Santos, por exemplo, alega que Carlos Sánchez, que jogou a partida de ida das oitavas de Libertadores contra o Independiente com suspensão em aberto, estava liberado em um programa online da Conmebol chamado Comet, que recebe as informações dos atletas. Em entrevista ao blog, o diretor de competições de clubes da Conmebol, Frederico Nantes, disse que o Comet, ainda, não é usado com esse fim. Os clubes brasileiros querem, no final, que essa responsabilidade seja dividida e que sejam avisados pela confederação caso haja um problema.

Sobre o Tribunal, em determinados casos atualmente podem ocorrer decisões monocráticas, tomadas apenas por um membro. Os brasileiros querem que sempre haja um colegiado decidindo, e que seja feita votação entre eles, não que se chegue a um veredito por consenso, como é atualmente. Na visão dos clubes isso tornaria os votos dos membros do tribunal mais claros e responsáveis.

Sarney, hoje, tem ótimo trânsito dentro da Conmebol e com boa parte dos clubes. Foi ele, por exemplo, quem contornou a saia justa criada por Nunes ao votar no Marrocos, e não na candidatura tripla de EUA/México/Canadá, como estava combinado entre as confederações da América do Sul. Nunes nem deve mais ir a Assunção participar das duas ou três reuniões do Conselho que ainda ocorrerão antes de ele terminar seu mandato na CBF, cargo que só recebeu porque Marco Polo Del Nero foi banido do futebol pela Fifa por suspeitas de corrupção.

Há a certeza entre os clubes brasileiros de que outros países, principalmente a Argentina, têm força política desproporcional dentro da Conmebol e usam como exemplo o fato de o River Plate, que relacionou o meia Zuculini de maneira irregular por sete jogos na Libertadores-2018 (como Sánchez deveria estar suspenso), não ter sido punido. Carlos Tapia, presidente da AFA (Associação Argentina de Futebol), ocupa cargo de vice-presidência na Conmebol.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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