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Marcel Rizzo

Libertadores com uso excessivo de VAR por cartão vermelho preocupa Conmebol

Marcel Rizzo

22/09/2018 04h00

Nas 20 vezes em que o árbitro assistente de vídeo (VAR, na sigla em inglês) foi acionado nos 64 jogos da Copa do Mundo da Rússia, somente duas foram para checar se um atleta deveria ou não receber o cartão vermelho por jogada violenta. E nessas duas vezes a decisão do árbitro foi de que não era necessária a expulsão.

Em três dos quatro jogos das quartas de final da Libertadores, com os confrontos de ida disputados nessa semana, a arbitragem foi à beira do campo consultar o vídeo para analisar potenciais jogadas em que houve excesso de força para punir com o cartão vermelho. E, ao contrário do que ocorreu no Mundial de seleções, os árbitros entenderam que era necessária a expulsão.

A orientação da Fifa com relação à tecnologia é o de "mínima interferência, máxima eficiência", como diz a frase que virou o lema do VAR para as comissões de arbitragem mundo afora. A ideia, como contou o chefe do VAR na CBF, Sérgio Corrêa, ao blog há alguns dias, é o de consulta em caso de possíveis erros claros. Depois das reclamações oficiais de Cruzeiro e CBF com relação à expulsão de Dedé na quarta (19), nos 2 a 0 contra o Boca Juniors, o alerta foi ligado na Conmebol sobre um dos temores com relação ao VAR: o uso excessivo e desnecessário.

Na quinta (20), o Palmeiras venceu o Colo Colo por 2 a 0 , e já nos acréscimos do segundo tempo o jogador do time chileno Pérez foi expulso por falta no palmeirense Mayke. Num primeiro momento o árbitro uruguaio Andres Cunha marcou apenas a infração, mas ao ser informado pela equipe do VAR de que o lance foi, na avaliação deles, violento, Cunha foi até a beira do campo ver as imagens — cumprindo o protocolo de o juiz principal olhar o vídeo em lances interpretativos. Cunha entendeu que houve excesso de força de Pérez, que recebeu o cartão vermelho — o que também gerou protesto dos chilenos pós-jogo.

Um dia antes, o paraguaio Eber Aquino ficou alguns minutos revendo a cabeçada de Dedé no goleiro do Boca Andrada, em lance casual, para definir que, na sua visão, houve força excessiva do cruzeirense e também dar o cartão vermelho. Se na partida em Santiago a expulsão não influenciou no resultado, já que foi no finalzinho, em Buenos Aires atuar com dez fez o Cruzeiro levar o segundo gol, que complicou a classificação para a semifinal.

Na terça (18), Gervasio Núñez, do Atlético Tucumán, deu um pisão nas costas de Alisson. O árbitro colombiano Wilmar Roldán mostrou o cartão amarelo, mas assistiu ao lance e resolveu exibir o vermelho para o jogador do time argentino, que acabou derrotado por 2 a 0, o que encaminhou a vaga dos brasileiros para a semifinal.

Conmebol tensa

O VAR é a menina dos olhos para a Conmebol nessa Libertadores porque é usado pelo presidente Alejandro Dominguez como um dos pilares de sua administração, que é de modernizar a entidade. Os cartolas da confederação sul-americana costumam se vangloriar de que a Conmebol decidiu ter o árbitro de vídeo antes da Uefa em suas principais competições, então qualquer falha no sistema preocupa.

A reclamação da CBF fará com que a comissão de arbitragem da Conmebol convoque, nos próximos dias, reuniões para analisar como foi a utilização do VAR nos jogos de ida das quartas de final. E, depois das expulsões de Dedé, Pérez e Gervasio, o tema sobre quando usar o VAR para avaliar o cartão vermelho será a prioridade. Talvez a Copa-2018 seja o modelo a ser seguido nesses casos.

No Costa Rica 0 x 1 Sérvia, já nos acréscimos, o sérvio Prijovic acertou com o braço o rival Acosta, em uma dividida. O árbitro do Senegal Malang Diedhiou foi até a beirada do campo ver a imagem no monitor instalado e entendeu que o lance não merecia a expulsão, e deu um cartão amarelo a Prijovic.

Um dos melhores do mundo também teve lance analisado nessas condições. No 1 a 1 entre Portugal e Irã, Cristiano Ronaldo deu uma "braçada" em Pouraliganji, e Enrique Cáceres, do Paraguai, foi avaliar se o português merecia o cartão vermelho. Também entendeu que era lance para amarelo. Note que, nos 64 jogos, nenhum árbitro reviu lances de violência em divididas, mas, como nos dois citados, de possíveis agressões, que não se confirmaram.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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