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Marcel Rizzo

Libertadores pode ter sede fixa para times dos EUA contra longas viagens

Marcel Rizzo

24/10/2018 04h00

A logística é o principal ponto de interrogação na ideia da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) de contar com times da MLS (Major League Soccer), a liga de futebol dos Estados Unidos, na Libertadores a partir de 2020. Clubes brasileiros e argentinos demonstraram preocupação em contato com a cúpula da confederação com relação aos longos deslocamentos que seriam necessários para jogar na América do Norte (há times canadenses na MLS, além da reativação da presença de mexicanos na competição também), principalmente para enfrentarem rivais da Costa Oeste dos EUA.

A presença da MLS na Libertadores ainda é um projeto embrionário, mas já se levantaram duas possibilidades para que os deslocamentos não afetem tanto os times ao sul da América do Sul — em meio à Libertadores, brasileiros e argentinos, por exemplo, jogam seus campeonatos nacionais aos finais de semana principalmente. Uma das sugestões é que os times da liga norte-americana fixem base na Costa Leste para disputar a Libertadores.

Por exemplo: se um dos classificados da MLS para a Libertadores for um dos dois times de Los Angeles, o Seattle Sounders ou até mesmo o canadense Vancouver Whitecaps, seu mando de campo na Libertadores seria um estádio, por exemplo, em Miami ou Orlando, na Florida, ou até mesmo em Nova York. Desta maneira o deslocamento de times brasileiros, uruguaios ou argentinos seria mais curto.

Um voo regular de São Paulo para Miami, por exemplo, pode durar 8h10min, sem escalas. Para NY, 9h40min. Se tiver que ir para Los Angeles, por exemplo, a viagem não dura menos do que 12h45min, isso em um voo direto que sai do aeroporto de Guarulhos. A maioria dos voos para LA podem durar mais de 15h com escalas. E tudo isso imaginando um time paulista. O Grêmio, semifinalista da Libertadores-2018, poderia demorar mais de 20h para ir de Porto Alegre a Los Angeles para uma partida de Libertadores.

Uma segunda sugestão apresentada foi o de setorizar as fases iniciais da competição. Ou seja, times dos EUA, Canadá e México se enfrentariam e, no máximo, teriam confrontos contra times de países mais ao norte da América do Sul, como Venezuela, Colômbia e Equador. Os duelos mais longos só ocorreriam nas etapas finais, se houvesse o cruzamentos nos jogos eliminatórios.

O blog apurou que as duas ideias não agradam a Conmebol. A segunda desagrada também aos clubes, porque poderia criar uma desnivelamento técnico no torneio se, na primeira fase, brasileiros jogassem mais contra argentinos do que contra equipes de outros países. Dificilmente esse plano sai do papel.

A primeira sugestão faz a cúpula da Conmebol torcer o nariz, e empresas contratadas pela entidade para vender os direitos comerciais da Libertadores também, porque tiraria partidas de mercados interessantes principalmente na Califórnia, onde vivem muitos latinos que se interessariam em comprar produtos ligados a Libertadores.

O tema ainda está em negociação, inclusive a possibilidade da realização de uma final única da Libertadores a curto prazo em Miami, como mostrou o blog. O fato é que o mercado dos EUA e do México é considerado fundamental pela Conmebol para aumentar a receita de suas competições nos próximos anos.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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