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Marcel Rizzo

Copa do Qatar-2022 com mais seleções prevê jogos em outros três países

Marcel Rizzo

01/11/2018 09h01

Com uma possível oposição europeia em sua tentativa de reeleição em junho de 2019, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, se apega a expediente usado por antecessores como João Havelange e Joseph Blatter para ficar no cargo: ampliar o número de participantes da Copa do Mundo para atrair apoio de países da periferia do futebol.

Em evento do lançamento da nova sede da AFC (Confederação Asiática de Futebol), nesta quarta (31) na Malásia, Infantino voltou a falar em aumentar de 32 para 48 o número de concorrentes do Mundial já no Qatar, em 2022 — para 2026, no torneio que terá sede tripla (EUA, Canadá e México) esse inchaço já está certo. Mas a ideia de Infantino vai além da expansão do número de seleções daqui quatro anos, mas também a abertura para que outros países da região do Golfo Pérsico, na Ásia, recebam partidas da Copa-2022.

Nos bastidores da Fifa a previsão é que outros três países receberiam jogos se o aumento de participantes for aprovado: Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Arábia Saudita. Esses países também seriam usados como base de treinamento para as seleções, já que o projeto do Qatar prevê estádios para 64 partidas ao total, e não 80 com 48 times, mas também CTs para 32 equipes.

A ideia de Infantino tem, por enquanto, apoio apenas da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e de parte da Concacaf (Confederação das Américas do Norte, Central e Caribe). É importante para ele ter o aval da Ásia, continente sede da Copa-2022, mas questões políticas, principalmente, travam essa possibilidade. Há também problema no calendário e, o principal, o Qatar não quer dividir o Mundial:

1- Em 2017, países do Oriente Médio romperam relações e criaram embargos econômicos contra o Qatar por suspeitas de que o governo local estivesse apoiando grupos terroristas. Entre essas nações estão justamente as três que internamente na Fifa são citadas como candidatas a receber jogos e treinos de seleções (Arábia Saudita, Bahrein e Emirados Árabes). Para dividirem uma Copa esses países precisariam entrar em acordos comerciais improváveis nesse momento.

2 – Por causa do calor na região, a Copa do Mundo de 2022 será jogada entre novembro e dezembro, e não entre junho e julho como de praxe e terá menos dias — 28 e não 30. Parece uma diferença irrelevante, mas não é. Serão menos dias de descanso aos participantes, mesmo com 32 classificados, com 48 isso piora. Com 16 partidas a mais até as transmissões de TV seriam afetadas, com mais jogos talvez em horários iguais ou bem próximos, o que poderia irritar parceiros da Fifa que já pagaram milhões de dólares por esses direitos.

O plano de Infantino pode ser levar o projeto em banho-maria até junho, quando ocorrerá a eleição. Em crise com a Uefa (União Europeia de Futebol), que é contra a ideia da Fifa criar novos torneios como um Mundial de Clubes com 24 participantes e uma Liga das Nações, espécie de mini-Copa de seleções, na Fifa a avaliação é que os europeus podem lançar uma candidatura de oposição, por isso a preocupação do atual presidente em ter apoio da Ásia, que tem 43 dos 211 votos.

Os aliados de Infantino dizem que se o projeto sair do papel e houver uma negociação diplomática na região do Golfo Pérsico para a Copa além das fronteiras do Qatar, ele não só ganharia a reeleição na Fifa como brigaria até pelo Nobel da Paz. Bom teste para saber como está o alcance político da Fifa atualmente.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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