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Marcel Rizzo

Corinthians, Fla, Santos: mercado prevê troca intensa de técnicos para 2019

Marcel Rizzo

14/11/2018 04h00

Para 2018, somente quatro dos 12 clubes das maiores torcidas e orçamentos do Brasil trocaram de técnicos, ou seja, fecharam 2017 ou começaram o ano seguinte à procura de um novo comandante para suas equipes. A projeção do mercado para 2019, porém, é a de que esse número possa ser maior, de seis até oito.

A avaliação de agentes que já se movimentam entre a cartolagem é que Corinthians, Santos, Flamengo, Fluminense e Vasco possam se juntar ao São Paulo na busca por um treinador para 2019. Grêmio, que tem travada a antes certa renovação de Renato Gaúcho, e até o Atlético-MG podem aumentar essa lista, o que deve fazer a pré-temporada ser uma das mais agitadas dos últimos anos, apesar do mercado desses profissionais não ser tão rico assim no país.

O São Paulo se antecipou e demitiu no domingo (11) Diego Aguirre, em um movimento que se por um lado surpreendeu por faltarem cinco rodadas para o fim do Brasileiro e o time estar na disputa por vaga no G4, que leva direto à fase de grupos da Libertadores, por outro foi considerado natural por algumas pessoas já que o clube havia decidido não renovar. André Jardine, auxiliar, será o interino nesta reta final de Série A, e há no clube quem defenda que ele seja efetivado.

Mesmo assim Raí e cia devem prospectar nomes e um dos dois considerado top para a pré-temporada que se avizinha está, no momento, fora de cogitação no Morumbi. Rogério Ceni, talvez o maior jogador da história do clube, tem rusgas com a atual direção e dificilmente voltaria neste momento. Ele se tornou alvo certo daqueles que podem procurar treinador depois do ótimo trabalho no Fortaleza, campeão da Série B e garantido na A em 2019. O outro treinador que encabeça a lista da cartolagem é Abel Braga, sem clube desde junho quando deixou o Fluminense para se dedicar à família.

O Flamengo, com Dorival Júnior, e o Corinthians, de Jair Ventura, podem se aventurar no mercado depois de um Brasileiro decepcionante. Dorival tem contrato vencendo ao final do ano e chegou em setembro como "bombeiro" após Mauricio Barbieri ser demitido com as eliminações na Libertadores e Copa do Brasil. O Fla não emplacou e mais uma vez deve perder o título brasileiro apesar do alto investimento. O sonho do clube, que tem eleição para presidente no mês que vem, o que pode influenciar em decisões no futebol, é Renato Gaúcho.

Desde setembro de 2016 no Grêmio, Renato é um dos três treinadores dos 12 das maiores torcidas a ter passado sem trauma por 2018 — os outros dois são Mano Menezes, no Cruzeiro, e Odair Hellmann no Inter, treinadores que, junto com Luiz Felipe Scolari, no Palmeiras, devem fazer parte da minoria que se manterá no cargo para 2019. Zé Ricardo, se conseguir safar o Botafogo do rebaixamento, também é incluído por especialistas nesse time dos estáveis.

Campeão gaúcho, da Copa do Brasil, da Libertadores e da Recopa nesse espaço de pouco mais de dois anos no Grêmio, Renato deixou em aberto nos últimos dias uma renovação que parecia certa no Sul. Sua relação com o Flamengo também é íntima, como no Grêmio, e o fato de nunca ter sido técnico na Gávea pode pesar.

Política

Outro profissional que pode balançar o mercado é Cuca. Sua relação com a direção do Santos não é das melhores, e as situações política e financeira na Vila Belmiro não são boas. Se o trabalho nas quatro linhas agrada, de candidato ao rebaixamento o Santos briga agora por vaga na Libertadores, o extracampo pode pesar e Cuca no mercado pode atiçar até times que contrataram técnico recentemente, como o Atlético-MG (com Levir Culpi desde outubro, em acordo válido até o fim do ano que vem). Cuca e o time de Belo Horizonte têm relação próxima já que o maior título da história do clube, a Libertadores de 2013, foi com ele no banco de reservas.

Fluminense e Vasco têm Marcelo Oliveira e Alberto Valentim sob contrato para o ano que vem, mas por motivos distintos não têm esses profissionais estáveis. No Flu, Oliveira teve bons momentos, mas o time caiu muito de produção nos últimos meses. Se perder a vaga na final da Sul-Americana para o Atlético-PR (foi derrotado no primeiro jogo por 2 a 0, em Curitiba) haverá pressão sobre ele, principalmente porque a campanha no Brasileiro é muito ruim (nem o risco de rebaixamento está ainda descartado nesse momento).

O Vasco vive uma crise política que pode influenciar na manutenção de Alberto Valentim. O clube não faz um bom Brasileiro, lutando contra o rebaixamento, e as últimas rodadas serão decisivas para o futuro do treinador. Será importante, também, os nomes que estarão disponíveis no mercado, já que Valentim é considerado um dos bons técnicos da nova geração e tem salário mais baixo do que alguns medalhões.

Até o fim do Brasileiro, espera-se que outros times façam movimento igual ao do São Paulo e possam deixar a vaga em aberto para já começar a negociar com outro profissional. Em 2017, o Palmeiras fechou com Roger Machado no fim de novembro, com o campeonato em andamento (Valentim era o interino).

Outra previsão dos entendidos no assunto é de que, ao contrário dos últimos anos, a promoção de interinos não seja a principal opção dos clubes. Para 2018, o Botafogo colocou Felipe Conceição no lugar de Jair Ventura, que deixou o clube rumo ao Santos. Ele durou só dois meses. O próprio Corinthians arriscou com Osmar Loss após a saída de Fábio Carille, em maio, para o futebol da Arábia Saudita, e também não deu certo. O mesmo ocorreu com Thiago Largui, no Atlético-MG, que empolgou no começo, mas depois deu vaga a um veterano, Levir Culpi.

O mercado de técnicos de 2017 para 2018 entre os clubes das maiores torcidas

Trocaram
Palmeiras – Em 22 de novembro de 2017 anunciou Roger Machado – Cuca foi demitido em outubro (Alberto Valentim atuou como interino)
Santos – Anunciou Jair Ventura em 3 de janeiro —Levir Culpi foi demitido em outubro (Elano como interino no período)
Flamengo – Em 8 de janeiro Reinaldo Rueda foi embora para o Chile e clube contratou Paulo César Carpegiani
Botafogo – Jair Ventura saiu em 22 de dezembro rumo ao Santos – Felipe Conceição, auxiliar, assumiu e durou até fevereiro, quando Alberto Valentim chegou
Mantiveram, mas trocaram depois
São Paulo – Manteve Dorival Jr, demitido em março para chegar Aguirre
Corinthians – Manteve Fábio Carille, que deixou time em maio para a Arábia. Termina o ano com Jair Ventura depois de tentativa fracassada com auxiliar Osmar Loss
Fluminense – Manteve Abel Braga, que saiu durante a Copa e chegou Marcelo Oliveira
Vasco – Manteve Zé Ricardo, contratado em agosto de 2017, que se demitiu em junho
Atlético-MG – manteve Oswaldo de Oliveira, demitido em fevereiro para apostar no auxiliar Thiago Largui
Mantiveram o ano todo
Inter – manteve auxiliar Odair Hellman, depois de demitir Guto Ferreira em novembro de 2017
Grêmio  – manteve Renato Gaúcho
Cruzeiro –  manteve Mano Menezes

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.