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Marcel Rizzo

Fifa obriga filiados a criarem torneios de base feminino para liberar verba

Marcel Rizzo

16/01/2019 04h00

No ano de eleição para presidente, a Fifa aumentou o dinheiro que repassa a confederações e associações membros. A CBF, por exemplo, poderá receber nos próximos quatro anos (2019 a 2022) US$ 6 milhões (R$ 22 milhões) — US$ 1 milhão (R$ 3,7 milhões) a mais do que entre 2015 e 2018. São US$ 1 milhão por ano para custos operacionais e US$ 2 milhões (R$ 7,45 milhões) para o quadriênio para projetos específicos voltados ao desenvolvimento do futebol. Mas há um detalhe: é preciso cumprir alguns requisitos para ter acesso a 100% do dinheiro que não existiam antes, principalmente referentes ao futebol feminino. A confederação brasileira, por exemplo, precisou ajustar seu calendário.

Em 2019, a CBF vai realizar pela primeira vez um torneio nacional de base do futebol feminino, um sub-18 a princípio, com chance de no futuro apresentar outras categorias. Para se ter acesso a todo o fundo que a Fifa anualmente distribui é preciso ter campeonatos de base para mulheres, segundo documento enviado pela entidade mundial a seus filiados no dia 10 de janeiro.

O recebimento da verba anual de US$ 1 milhão é dividido em duas parcelas: a primeira de US$ 500 mil (R$ 1,35 milhão) paga em janeiro e a outra em julho. Para a primeira não há exigências de contrapartidas, mas a Fifa faz algumas recomendações para o uso do dinheiro. Por exemplo: custear atividades da seleção nacional, para organização de competições domésticas, administração da entidade, treinamento de funcionários, investimento em comunicação, contratação de funcionários e outros.

Já para receber a segunda, de julho, é preciso que até 31 de maio a associação membro envie à Fifa a comprovação de que está cumprindo dez exigências. Se não cumprir algumas, perde US$ 50 mil de cada não cumprida. São elas:

1) organizar um campeonato masculino profissional por até seis meses, envolvendo até dez times, e com mínimo de 90 partidas jogadas;

2) organizar um campeonato profissional feminino por até seis meses, com até dez times e com mínimo de 90 partidas jogadas;

3) que a seleção nacional masculina dispute ao menos quatro amistosos oficiais no ano;

4) que a seleção nacional feminina dispute ao menos quatro amistosos oficiais no ano;

5) organize campeonatos de base masculino, em até duas categorias;

6) organize campeonatos de base feminino, em até duas categorias;

7) seleção de base masculina, em até duas categorias, realize até quatro amistosos no ano;

8) seleção de base feminina, em até duas categorias, realize até quatro amistosos no ano;

9) mantenha funcionando e utilize o sistema de registro de jogadores que a Fifa tem, o ITM;

10) mantenha um programa de desenvolvimento e promoção de árbitros, incluindo mulheres.

Cada item não cumprido leva a perda de US$ 50 mil por ano. No caso da CBF, até 2018, o único requisito que não tinha era o torneio de base feminino, que fará nessa temporada também como parte do programa de desenvolvimento para o futebol exigido pela Fifa.

Já os US$ 2 milhões que são pagos em até quatro anos são para projetos específicos, e precisam de aprovação da Fifa. São usados normalmente também para programas de desenvolvimento, como infraestrutura (construção de centros de treinamentos para jovens e mulheres), de organização de torneios em áreas do país em que o futebol é menos desenvolvido, no treinamento de profissionais, entre outros casos.

Confederações também tiveram reajuste

Em junho, em Paris, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, tentará a reeleição. Ainda está obscuro quem será seu adversário, mas ele sabe que precisará de votos fora da Europa, principalmente de Ásia e África. Por isso, também, cada uma das seis confederações receberá US$ 12 milhões (R$ 45 milhões) para custear projetos entre 2019 e 2022. São US$ 2 milhões a mais do que o pago no quadriênio anterior (2015 a 2018).

O blog apurou que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) pretende usar boa parte do dinheiro para desenvolvimento do futebol feminino e levar o futebol a áreas do continente onde pouco existe, como regiões de países como a Venezuela, Equador e Bolívia.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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