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Marcel Rizzo

Regulamento do futebol em Tóquio-2020 deixa dúvidas de como Fifa usa o VAR

Marcel Rizzo

16/02/2019 04h00

Telão mostra VAR em uso durante a Copa-2018 (Crédito: AFP)

O VAR (árbitro de vídeo, na sigla em inglês) foi incluído nas regras do futebol em março de 2018, mas seu uso, seja por questões financeiras ou de infraestrutura, ainda se dá na minoria das competições mundo afora. A Fifa utiliza a tecnologia desde 2016, como teste no início, e definitivamente a colocou em seu portfólio na Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Mesmo assim, ainda é um pouco confuso o critério de onde e quando o VAR será utilizado e o envio do regulamento do futebol nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 pela entidade às associações filiadas, no fim de janeiro, confundiu um pouco mais a cabeça da cartolagem mundial.

No documento, que trata das regras para o futebol masculino e feminino na próxima Olimpíada, a Fifa não cita a possibilidade de usar o VAR. Ele é ignorado, como também já havia sido no regulamento da Copa do Mundo de futebol feminino, que será realizada este ano, entre junho e julho, na França. A não especificação fez algumas federações questionarem a Fifa se haverá ou não o VAR. No caso do torneio feminino, a resposta foi que está em análise, o que gerou reclamação de atletas que rendeu até uma extensa reportagem no jornal "New York Times" sobre uma possível discriminação da Fifa para as mulheres, que ainda não teriam a tecnologia no seu mais importante torneio.

O blog apurou que, para algumas federações, a Fifa explicou que como o VAR já aparece como regra na Ifab, o órgão que regula o esporte, é desnecessário colocar especificamente que o árbitro de vídeo pode ser usado. Isso faria sentido, claro, se o VAR estivesse confirmado no Mundial feminino, já que é preciso seguir as regras da Ifab. E não está. No caso da Olimpíada, é bem possível que o VAR seja usado, bem mais do que no torneio entre as mulheres, mas a não inclusão do termo dentro do regulamento deixa em aberto a possibilidade de não ter a tecnologia.

Curioso é que no regulamento do Mundial de Clubes sub-20, que será disputado entre maio e junho de 2019, na Polônia, o VAR aparece especificamente: no item 6 do artigo 36, que trata das leis do jogo, diz que "o árbitro assistente de vídeo pode ser usado para rever decisões e incidentes de jogo de acordo com o protocolo estabelecido pela Ifab". Em 2017, no Mundial sub-20 da Coreia do Sul, o VAR foi utilizado, ainda na fase de testes.

Por que o regulamento de uma competição especifica o uso do VAR e outra não? A Fifa diz que, como está na regra da Ifab, qualquer torneio de futebol no mundo pode ter o árbitro de vídeo e que a decisão de qual torneio terá ou não depende da circunstância de cada competição. O fato é que, quando junho chegar, a Fifa terá duas competições em andamento: uma, com as melhores jogadoras do mundo em campo, talvez sem o VAR e outra, com atletas juniores, com a possibilidade de revisão de resultado. Resta saber como será em Tóquio no ano que vem.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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